
O aumento das transações digitais, impulsionado pelo crescimento do comércio eletrônico e das instituições financeiras virtuais, trouxe também um efeito colateral preocupante: a disparada nas tentativas de fraude com documentos de terceiros. Dados levantados pela Caf, empresa especializada em verificação inteligente de identidade, revelam que esse tipo de crime mais que dobrou no Brasil entre 2022 e 2025.
Somente neste ano, o país já registrou mais de 51 mil tentativas de fraudes documentais, contra cerca de 19 mil em 2022. Em 2023, o número saltou para mais de 66 mil, indicando uma escalada que só começou a recuar no ano seguinte, com pouco mais de 37 mil ocorrências. Apesar da oscilação, a tendência segue alarmante.
Mesmo com a adoção gradual da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN), o velho RG ainda representa a maior parte das tentativas de golpe: 84% em 2025. O motivo, segundo especialistas, é a grande quantidade de versões ainda em circulação, o que amplia a vulnerabilidade do sistema.
A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) também ganhou destaque negativo no levantamento da Caf, passando de 8% das tentativas de fraude em 2022 para 14% neste ano. A variedade de modelos e a falta de padronização continuam sendo um desafio para a segurança digital.
O diretor de tecnologia da Caf, José Oliveira, alerta que a multiplicidade de versões do RG no país torna difícil depender apenas da análise visual ou de processos manuais para verificar a autenticidade dos documentos.
“O Brasil convive com inúmeras versões de RG em circulação, o que amplia a superfície de fraude. Isso torna inviável depender apenas de inspeção visual ou de processos manuais”, afirma.
Para enfrentar esse cenário, a empresa utiliza ferramentas de inteligência artificial que detectam adulterações digitais com mais precisão. Ainda assim, a combinação entre sistemas automatizados e análise humana se mostrou a mais eficaz, com taxa de acerto de até 98% na detecção de fraudes.
A tecnologia utilizada pela Caf, chamada Documentoscopia, une processos como captura assistida de imagens, extração de dados via OCR (reconhecimento óptico de caracteres) e verificação especializada. Em 2025, mais de 11 milhões de documentos passaram por esse sistema.
Fundada em 2019, a empresa atua no desenvolvimento de soluções de verificação biométrica, reconhecimento documental e validação de identidade, utilizadas principalmente em sites e aplicativos que oferecem serviços digitais ao consumidor final.
A implantação da Carteira de Identidade Nacional (CIN) deve representar um avanço no combate a fraudes, mas o processo de transição exige tempo e depende da adesão em massa da população e dos serviços que fazem uso desse tipo de verificação.
Enquanto isso, a pressão recai sobre a evolução das ferramentas de checagem. Empresas como a Caf continuam desenvolvendo soluções que unem tecnologia e inteligência humana para garantir transações digitais mais seguras.

