bonito
MUNDO

França reconhecerá Estado palestino na ONU em setembro, diz Macron

O presidente francês anunciou a decisão nas redes sociais, buscando impulsionar a paz no Oriente Médio; Israel critica a medida

24 julho 2025 - 18h15Redação O Estado de S. Paulo
O presidente da França, Emmanuel Macron, durante encontro com o premiê do Líbano no Palácio do Eliseu em Paris
O presidente da França, Emmanuel Macron, durante encontro com o premiê do Líbano no Palácio do Eliseu em Paris - (Foto: Geoffroy Van Der Hasselt/AFP)

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta quinta-feira, 24, que o país reconhecerá oficialmente o Estado palestino durante a próxima Assembleia Geral da ONU, em setembro, em Nova York. A decisão, que já havia sido mencionada por Macron em várias ocasiões, é um marco na política externa francesa e ocorre em meio à crescente crise humanitária em Gaza, onde milhares de palestinos enfrentam a escassez de alimentos e remédios.

Canal WhatsApp

Macron afirmou em suas redes sociais que a medida é um compromisso histórico da França com a busca por uma paz justa e duradoura no Oriente Médio. "Fiel ao compromisso histórico com uma paz justa e duradoura, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina", escreveu o presidente no X (antigo Twitter) e Instagram. Ele também compartilhou uma carta endereçada ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, sobre a decisão.

Além do reconhecimento formal, Macron também anunciou que a França, junto com a Arábia Saudita, copresidirá uma cúpula internacional com chefes de Estado e de governo para relançar a solução de dois Estados, um palestino e um israelense. A conferência, que estava inicialmente agendada para junho, foi adiada devido à guerra entre Israel e o Hamas.

Com o reconhecimento da Palestina, a França se tornará o maior país europeu e a primeira nação do G-7 a tomar essa posição, o que pode gerar atritos com os Estados Unidos e Israel. Até o momento, mais de 140 países já reconheceram a Palestina como um Estado independente, mas muitos países ocidentais, incluindo os EUA, permanecem em oposição à medida.

A medida foi bem recebida pela Autoridade Palestina. O vice-presidente Husein al Sheij comemorou a decisão de Macron e agradeceu pelo apoio ao direito do povo palestino à autodeterminação.

Por outro lado, a reação israelense foi negativa. O vice-primeiro-ministro de Israel, Yariv Levin, criticou a decisão da França, chamando-a de "mancha na história francesa" e acusando-a de dar suporte ao "terrorismo". Levin, que também é ministro da Justiça, afirmou que a decisão da França deveria ser respondida com a aplicação da soberania israelense sobre a Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967.

O presidente francês, Emmanuel Macron, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, se encontram durante Assembleia Geral da ONU em setembro de 2024O presidente francês, Emmanuel Macron, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, se encontram durante Assembleia Geral da ONU em setembro de 2024 - (Foto: Ludovic Marin/AFP)

Crise humanitária em Gaza

O anúncio de Macron ocorre em um momento crítico para Gaza, onde a escassez de alimentos e água tem provocado uma crescente onda de desnutrição e mortes. Segundo a ONU, ao menos 45 pessoas morreram nos últimos quatro dias devido à falta de alimentos, e cerca de 500 mil palestinos enfrentam insegurança alimentar. O Comitê Internacional de Resgate e o Programa Mundial de Alimentos alertam que a situação pode piorar nos próximos dias.

Hidaya, uma mãe palestina de 31 anos, embala seu filho doente de 18 meses, Mohammed al-Mutawaq, que também apresenta sinais de desnutrição, dentro de sua tenda no campo de refugiados de Al-Shati, a oeste da cidade de Gaza, em 24 de julho de 2025Hidaya, uma mãe palestina de 31 anos, embala seu filho doente de 18 meses, Mohammed al-Mutawaq, que também apresenta sinais de desnutrição, dentro de sua tenda no campo de refugiados de Al-Shati, a oeste da cidade de Gaza, em 24 de julho de 2025 - (Foto: Omar Al-qattaa/AFP)

A crise em Gaza é intensificada pelas dificuldades em distribuir ajuda humanitária, com acusações de que o Hamas teria bloqueado a entrega de alimentos e saqueado parte dos suprimentos. Organizações internacionais, como Médicos Sem Fronteiras e Oxfam, têm pressionado Israel a aumentar a entrada de ajuda no território.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop