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O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta quinta-feira, 24, que o país reconhecerá oficialmente o Estado palestino durante a próxima Assembleia Geral da ONU, em setembro, em Nova York. A decisão, que já havia sido mencionada por Macron em várias ocasiões, é um marco na política externa francesa e ocorre em meio à crescente crise humanitária em Gaza, onde milhares de palestinos enfrentam a escassez de alimentos e remédios.

Macron afirmou em suas redes sociais que a medida é um compromisso histórico da França com a busca por uma paz justa e duradoura no Oriente Médio. "Fiel ao compromisso histórico com uma paz justa e duradoura, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina", escreveu o presidente no X (antigo Twitter) e Instagram. Ele também compartilhou uma carta endereçada ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, sobre a decisão.
Além do reconhecimento formal, Macron também anunciou que a França, junto com a Arábia Saudita, copresidirá uma cúpula internacional com chefes de Estado e de governo para relançar a solução de dois Estados, um palestino e um israelense. A conferência, que estava inicialmente agendada para junho, foi adiada devido à guerra entre Israel e o Hamas.
Com o reconhecimento da Palestina, a França se tornará o maior país europeu e a primeira nação do G-7 a tomar essa posição, o que pode gerar atritos com os Estados Unidos e Israel. Até o momento, mais de 140 países já reconheceram a Palestina como um Estado independente, mas muitos países ocidentais, incluindo os EUA, permanecem em oposição à medida.
A medida foi bem recebida pela Autoridade Palestina. O vice-presidente Husein al Sheij comemorou a decisão de Macron e agradeceu pelo apoio ao direito do povo palestino à autodeterminação.
Por outro lado, a reação israelense foi negativa. O vice-primeiro-ministro de Israel, Yariv Levin, criticou a decisão da França, chamando-a de "mancha na história francesa" e acusando-a de dar suporte ao "terrorismo". Levin, que também é ministro da Justiça, afirmou que a decisão da França deveria ser respondida com a aplicação da soberania israelense sobre a Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967.

Crise humanitária em Gaza
O anúncio de Macron ocorre em um momento crítico para Gaza, onde a escassez de alimentos e água tem provocado uma crescente onda de desnutrição e mortes. Segundo a ONU, ao menos 45 pessoas morreram nos últimos quatro dias devido à falta de alimentos, e cerca de 500 mil palestinos enfrentam insegurança alimentar. O Comitê Internacional de Resgate e o Programa Mundial de Alimentos alertam que a situação pode piorar nos próximos dias.

A crise em Gaza é intensificada pelas dificuldades em distribuir ajuda humanitária, com acusações de que o Hamas teria bloqueado a entrega de alimentos e saqueado parte dos suprimentos. Organizações internacionais, como Médicos Sem Fronteiras e Oxfam, têm pressionado Israel a aumentar a entrada de ajuda no território.
