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RÉPTIL

Fóssil de espécie que viveu há 237 milhões de anos é encontrado por médico no RS

A espécie habitou a Terra antes da era dos dinossauros, que viveram há 230 milhões de anos, segundo os registros paleontológicos.

2 julho 2024 - 17h05Pedro Pannunzio
'Parvosuchus aurelioi' tinha cerca de um metro de comprimento e pesava entre 4 e 8 kg
'Parvosuchus aurelioi' tinha cerca de um metro de comprimento e pesava entre 4 e 8 kg - Foto: Matheus Fernandes Gadelha/Universidade Federal de Santa Maria

Um réptil que viveu há 237 milhões de anos onde hoje fica o Estado do Rio Grande do Sul foi descoberto por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A espécie habitou a Terra antes da era dos dinossauros, que viveram há 230 milhões de anos, segundo os registros paleontológicos.

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Fóssil da espécie descoberta encontrada por médico em Paraíso do Sul Foto: Janaína Brand Dillmann/Universidade Federal de Santa Maria

O animal faz parte do grupo chamado de Gracilissuquideos, que, até a descoberta, não tinha sido registrado em território brasileiro.

"Esse é um grupo de animais que não são diretamente ancestrais de jacarés e crocodilos, mas estão na mesma árvore evolutiva. O interessante é que, ao contrário da espécie descoberta, a maioria dos animais dessa linhagem são animais de grande porte. Alguns chegam a até sete metros de comprimento", diz Rodrigo Müller, paleontólogo da UFSM, responsável pela condução do estudo.

- Os Parvosuchus aurelioi, nome da nova espécie, tinham cerca de um metro de comprimento e pesavam entre 4 e 8 kg.

- Os dentes em forma de punhal revelam características de um animal carnívoro e o tamanho pequeno sugere que caçava presas pequenas, segundo o estudo.

"A gente não tinha registros de animais carnívoros dessa linhagem tão pequenos", diz Müller.

- O nome da nova espécie é uma homenagem ao médico Pedro Aurélio, um entusiasta da paleontologia que não atua de forma profissional.

- Ele encontrou o fóssil do animal em Paraíso do Sul, uma cidade próxima a Santa Maria, e o enviou à universidade em forma de doação.

O fóssil foi recebido pela UFSM em janeiro deste ano, junto com outros materiais encontrados por Aurélio. Durante o trabalho de remoção do fóssil da rocha, Müller conta que foi surpreendido.

"Dava para notar que havia vértebras dos ossos da coluna. Não estava esperando encontrar também o crânio do animal e isso foi bem legal. Como o crânio estava inteiro, foi possível trazer muita informação a respeito da anatomia do animal."

Segundo o pesquisador, é bastante incomum encontrar crânios inteiros de espécies que habitaram a Terra há milhões de anos.

Essa é apenas a quarta espécie descoberta de animais do grupo Gracilissuquideos em todo o mundo. Duas foram localizadas onde hoje é a China e uma foi encontrada na Argentina.

"Essa descoberta aumenta a diversidade de animais que nós temos no Brasil, diminui a diferença de fauna entre Brasil e Argentina e aumenta nosso conhecimento em relação ao ecossistema que antecede a origem dos dinossauros", conclui Müller.

A pesquisa agora vai se debruçar ainda mais sobre o crânio para, com o auxílio de tomografias, responder mais perguntas sobre as características encefálicas do animal.

O estudo foi publicado na revista científica Scientific Reports. Leia aqui o artigo completo.

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