
O período que antecede o Natal, tradicionalmente um dos que mais impulsionam o comércio local, tem sido marcado por um movimento atípico na capital sulmatogrossense. A paralisação total do transporte coletivo urbano, iniciada na segundafeira (15), tem sido apontada por entidades representativas como um fator de retração no fluxo de consumidores e de impacto direto nas vendas.
Em nota pública divulgada nesta terçafeira (16), a Fecomércio MS (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso do Sul) alertou para a redução do movimento observado em áreas comerciais do centro e dos bairros, bem como para relatos de cancelamentos de compras e dificuldades de deslocamento por parte de clientes e trabalhadores.
A entidade destacou que o transporte coletivo atende diariamente mais de 100 mil passageiros e que a interrupção desse serviço essencial em um período de alta demanda pode resultar em efeitos negativos para lojistas, bares, restaurantes, supermercados e demais segmentos que dependem do movimento de pessoas. A Fecomércio também registrou aumento no uso de serviços de transporte individual, com reflexos nos custos de deslocamento para moradores e trabalhadores.
A nota da federação não responsabiliza diretamente qualquer parte específica pela situação, mas reforça a importância de “encontrar soluções que garantam a regularidade do serviço e minimizem os impactos econômicos e sociais” para toda a população.
Consórcio e prefeitura reiteram disposição para diálogo - Em posição divulgada à imprensa, o Consórcio Guaicurus, responsável pelo serviço de transporte coletivo em Campo Grande, afirmou que está aberto ao diálogo e à negociação com as partes envolvidas, incluindo o sindicato dos motoristas e a Prefeitura, dentro da realidade financeira prevista no contrato de concessão. A empresa informou que busca alternativas que respeitem o equilíbrio econômico do sistema, visando tanto a manutenção dos pagamentos aos trabalhadores quanto a continuidade do serviço à população.
O consórcio destacou sua intenção de manter uma interlocução transparente com os órgãos públicos e representantes da categoria para encontrar, em conjunto, caminhos que permitam a retomada da operação regular com segurança e sustentabilidade.
A Prefeitura de Campo Grande, por sua vez, também tem mantido interlocução com o consórcio e as partes envolvidas. Segundo interlocutores da administração municipal, o objetivo é mediar a situação de forma a garantir a mobilidade da população, preservando a prestação de um serviço público essencial e observando as normas contratuais e legais que regem o transporte coletivo urbano.
A paralisação começou na segundafeira (15) com a interrupção completa dos ônibus na cidade. A Justiça do Trabalho determinou, em liminar, que ao menos 70% da frota fosse mantida em circulação, mas o percentual não foi alcançado nos dois primeiros dias da greve.
Em decisão nesta terça-feira (16), a Justiça elevou a multa por descumprimento da ordem judicial e autorizou mecanismos para garantir o cumprimento da determinação, ressaltando a natureza essencial do serviço. Também houve alerta de que a liderança da categoria pode ser responsabilizada por desobediência se a ordem continuar sem atendimento.


