
O número de famílias com contas em atraso em Campo Grande (MS) alcançou 93.957 em julho, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A taxa de inadimplência passou de 27,7% para 28,6% em um mês, refletindo um acréscimo de mais de 3 mil famílias em situação de atraso.

Embora o índice de endividamento geral tenha se mantido praticamente estável — de 66,1% para 66,2% —, a economista Regiane Dedé de Oliveira, do Instituto de Pesquisa da Fecomércio-MS, destaca o aumento da inadimplência como sinal de alerta para o consumo a prazo.
“É importante diferenciar endividamento, que é o compromisso com parcelas, da inadimplência, que é o não pagamento. O dado mostra um crescimento na dificuldade de honrar os compromissos assumidos”, explica.
O cartão de crédito segue como o principal fator de endividamento. Entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos, 73,6% citaram o cartão como fonte da dívida, ante 63,8% nas de maior renda. Já o crédito pessoal é mais presente entre as famílias com renda superior (19,1%), enquanto as de menor renda representam 8% neste tipo de operação.
Outro dado relevante é o tempo médio de atraso: 67 dias. Mais da metade dos inadimplentes (46,7%) acumula débitos vencidos há mais de 90 dias. Quanto à capacidade de pagamento, 49,5% afirmam que não conseguirão quitar as dívidas em aberto.
O comprometimento médio da renda das famílias com dívidas é de 28,8%. A maior parte (56,6%) compromete entre 11% e 50% da receita mensal. O tempo médio de endividamento é de 8,2 meses — sendo que 34,3% das famílias estão endividadas há mais de um ano.
A pesquisa da CNC abrange famílias residentes nas capitais e foi realizada com base em entrevistas nos últimos dez dias de junho.
