
Três homens foram presos na noite da última quinta-feira (31) na zona leste de São Paulo, acusados de manter uma família boliviana refém e de cometer o crime disfarçados de agentes da Polícia Civil. A prisão foi feita por policiais militares após abordagem na Rua Canários, no Jardim Iguatemi. Dois dos suspeitos foram flagrados caminhando pela região com coletes balísticos do GOE (Grupo de Operações Especiais), órgão de elite da Polícia Civil paulista.

Durante a abordagem, registrada pelas câmeras corporais dos PMs, os suspeitos se recusaram a apresentar documentos de identificação funcional. Alegaram estar “em operação” e disseram que não tinham obrigação de “dar satisfação” aos policiais. A atitude levantou suspeitas, e, minutos depois, o caso ganhou contornos ainda mais graves quando um casal de bolivianos se aproximou e relatou o sequestro e agressões dentro de casa.
Os falsos policiais foram identificados como Paulo Cesar da Costa Silva, José Carlos Rodrigues Cordeiro de Oliveira e Caique José da Silva. As defesas dos acusados não foram localizadas até o momento da publicação desta matéria.
Segundo as vítimas, os três homens invadiram a residência da família na mesma região onde foram abordados. Armados e usando vestimentas típicas de agentes civis, como coletes com a inscrição do GOE, os criminosos apresentaram uma falsa ordem judicial para facilitar a entrada no imóvel. Uma vez dentro da casa, agrediram os moradores com coronhadas e ameaças, exigindo dinheiro e bens de valor.
O casal de bolivianos relatou ainda que os agressores permaneceram por um período prolongado dentro da residência, vasculhando cômodos e intimidando todos os membros da família. O relato foi fundamental para que os policiais militares confirmassem a gravidade da situação e detivessem o grupo em flagrante.
Um terceiro integrante do bando foi localizado momentos depois, dentro de um veículo parado nas proximidades do local da abordagem.
Com os suspeitos, os policiais apreenderam uma arma de fogo, munições e um carro usado na tentativa de fuga. Também foram encontrados documentos falsos, incluindo a suposta ordem judicial usada para acessar a casa da família boliviana.
O caso foi registrado no 49º Distrito Policial de São Mateus, zona leste da capital, onde os três homens foram indiciados por tentativa de roubo, usurpação de função pública, porte ilegal de arma de fogo e uso de documento falso. A polícia investiga se o grupo já havia praticado crimes semelhantes na região.
O uso de uniformes, distintivos e documentos falsificados por criminosos tem se tornado uma estratégia recorrente em diversos estados brasileiros. Disfarçados de agentes da lei, os suspeitos conseguem acessar residências, intimidar vítimas e cometer delitos com mais facilidade. A atuação do grupo preso nesta quinta-feira em São Paulo segue esse padrão.
Segundo especialistas em segurança pública, o crime de usurpação de função pública, previsto no artigo 328 do Código Penal, consiste em exercer, indevidamente, função pública ou se apresentar como funcionário público com o objetivo de obter vantagem. A pena pode chegar a dois anos de prisão, podendo ser somada a outras, como tentativa de roubo e porte ilegal de arma.
A abordagem feita pelos policiais militares segue os protocolos estabelecidos pela corporação para situações suspeitas. O uso de câmeras corporais contribuiu para a transparência da ação e poderá ser fundamental na instrução do processo criminal. As imagens registraram não apenas a tentativa dos suspeitos de se esquivar da identificação, como também a reação imediata das vítimas ao verem os agressores detidos.
Essa tecnologia tem sido uma das principais apostas da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) para combater abusos e fortalecer a confiança da população nas forças de segurança.
Após o episódio, a família boliviana foi orientada e deverá ser acompanhada por serviços de assistência social e proteção às vítimas. Os moradores da região também foram incentivados a denunciar quaisquer movimentações suspeitas de indivíduos se passando por agentes públicos.
O crime reforça a necessidade de vigilância e de ações coordenadas entre a polícia e a comunidade. A SSP-SP foi procurada pela reportagem para comentar o caso e ainda não se manifestou oficialmente.
