
O ex-diretor do FBI, James Comey, foi denunciado à Justiça dos Estados Unidos nesta quinta-feira (25) sob acusação de falso testemunho e obstrução de uma investigação conduzida pelo Congresso. A iniciativa, segundo críticos, teria sido motivada pela pressão do ex-presidente Donald Trump, com quem Comey manteve uma relação conflituosa durante e após seu governo.

Comey, que havia sido nomeado diretor do FBI em 2013 pelo então presidente Barack Obama, permaneceu no cargo até maio de 2017, quando foi demitido por Trump, menos de cinco meses após o republicano assumir a Casa Branca. O estopim da crise foi a investigação sobre a suposta interferência russa nas eleições de 2016.
Carreira no serviço público
Formado em Direito pela Universidade de Chicago, com graduação em Química e Religião pela William and Mary, Comey iniciou sua trajetória no setor público em 1987 como promotor federal em Nova York. Mais tarde, passou pelo Departamento de Justiça, onde investigou o ataque às Torres Khobar, na Arábia Saudita, que matou 19 militares americanos.
Em 2003, foi nomeado procurador-geral adjunto dos EUA, supervisionando diretamente as atividades do Departamento de Justiça. Dois anos depois, deixou o governo e atuou na iniciativa privada, até ser nomeado por Obama como diretor do FBI em 2013.
Embate com Trump
A relação entre Comey e Trump foi marcada por atritos desde o início. Em 2017, após ser demitido, o ex-diretor afirmou que perdeu o cargo porque se recusou a interromper as apurações sobre a Rússia. Desde então, Trump tem defendido publicamente que Comey seja responsabilizado judicialmente.
Após sua saída, o ex-diretor escreveu o livro “A Higher Loyalty: Truth, Lies and Leadership”, em que descreve Trump como uma figura desonesta e o compara a um chefe da máfia. A obra inspirou a minissérie “The Comey Rule”, lançada em 2020 pelo canal Showtime.
A denúncia
A acusação formal contra Comey está ligada ao depoimento prestado em 2020 ao Comitê Judiciário do Senado, quando negou ter autorizado vazamentos de informações à imprensa relacionados à investigação da Rússia. O Ministério Público afirma que ele mentiu aos parlamentares. Se condenado, pode enfrentar até cinco anos de prisão.
Em vídeo publicado no Instagram após a denúncia, Comey reafirmou sua inocência:
“Meu coração está partido pelo Departamento de Justiça, mas tenho grande confiança no sistema judicial federal e sou inocente. Então, vamos a julgamento e manter a fé.”
