
O governo dos Estados Unidos publicou nesta sexta-feira (5) a Estratégia Nacional de Segurança Nacional, reafirmando a Doutrina Monroe e a “proeminência” de Washington sobre o Hemisfério Ocidental, abrangendo América do Norte, Central e do Sul.
Segundo o documento, os EUA pretendem garantir que concorrentes externos não instalem forças ou ativos estratégicos na região, ampliando sua influência econômica, militar e política. “Após anos de negligência, os Estados Unidos reafirmarão e farão cumprir a Doutrina Monroe para restaurar a proeminência americana no Hemisfério Ocidental e proteger nossa pátria e nosso acesso a regiões-chave”, afirma a publicação da Casa Branca.
Especialistas interpretam a nova política como um recado direto à China, diante do aumento da presença econômica de Pequim na América Latina. Para o professor de relações internacionais do Ibmec São Paulo, Alexandre Pires, o objetivo é enfraquecer a influência chinesa em projetos estratégicos e expandir o controle norte-americano sobre o Canal do Panamá, Caribe e países aliados da Rússia e da China, como a Venezuela.
Releitura da Doutrina Monroe
Criada em 1823, a Doutrina Monroe estabeleceu que “a América é para os americanos” e limitava a interferência europeia na região. O governo Trump introduz agora um “Corolário Trump”, que amplia a influência norte-americana e busca expulsar empresas estrangeiras que construam infraestrutura estratégica na América Latina.
O documento orienta que os funcionários americanos devem priorizar a promoção das empresas dos EUA, assegurando contratos de fornecimento e fortalecendo alianças comerciais e de segurança, incluindo venda de armas, compartilhamento de informações e exercícios conjuntos.
Impacto para os países da região
A estratégia norte-americana pode limitar a soberania de países latino-americanos, segundo especialistas. Qualquer acordo comercial ou de mineração com potências fora do Hemisfério Ocidental, como China, precisaria considerar os interesses dos EUA, sob risco de medidas geoeconômicas ou até militares.
O professor Alexandre Pires alerta que a política também busca recompensar governos e movimentos alinhados com Washington, enquanto governos com perspectivas diferentes, mesmo que cooperativos, terão sua influência limitada.

