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INTERNACIONAL

Kash Patel enfrenta crise de credibilidade no FBI após erro em caso de assassinato de influenciador

Diretor do órgão entra em semana decisiva no Congresso, sob pressão de democratas e de sua própria base, após declarar prisão de suspeito que seguia foragido

15 setembro 2025 - 14h10Redação O Estado de S. Paulo
O diretor do FBI, Kash Patel (à esquerda), concede entrevista sobre a morte de Charlie Kirk ao lado do governador de Utah, Spencer Cox
O diretor do FBI, Kash Patel (à esquerda), concede entrevista sobre a morte de Charlie Kirk ao lado do governador de Utah, Spencer Cox - (Foto: Loren Elliott/NYT)
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Horas depois do assassinato do influenciador trumpista Charlie Kirk, o diretor do FBI, Kash Patel, anunciou que o suspeito do crime estava preso — informação que se revelou falsa. Dois homens haviam sido detidos, mas foram liberados rapidamente, e as autoridades de Utah reconheceram que o verdadeiro atirador seguia foragido.

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A declaração precipitada expôs a agência a questionamentos sobre a liderança de Patel num momento em que o FBI enfrenta forte desconfiança política. O diretor será ouvido em audiências de supervisão no Congresso dos EUA, nesta terça (16) e quarta-feira (17), quando terá de explicar o episódio e responder a dúvidas sobre sua capacidade de estabilizar uma instituição marcada por conflitos internos e pressões partidárias.

Os democratas prometem cobrar respostas sobre a demissão de executivos seniores que gerou processo judicial, a insistência de Patel em teses de Trump sobre a investigação da Rússia e a mudança de foco da agência para imigração ilegal e crimes de rua, áreas que afastam o FBI de sua tradicional atuação em espionagem e corrupção pública. Também pesam críticas à condução do caso de Jeffrey Epstein, ao uso de polígrafos para identificar vazamentos e à criação de um codiretor adjunto, Dan Bongino.

Republicanos, por outro lado, tendem a defendê-lo ou a transferir as críticas para os opositores. A avaliação é de que Patel encara seu teste mais importante para provar que pode conduzir a agência com credibilidade em meio a violência política e desconfiança pública.

A crise estourou enquanto a investigação do homicídio avançava. Na quarta-feira (10), Patel publicou no X que o “suspeito pelo horrível tiroteio” estava sob custódia. Pouco depois, admitiu que a pessoa detida havia sido liberada. “Isso não transmite a mensagem que o público precisa receber”, avaliou o ex-executivo do FBI Chris O'Leary, destacando o impacto negativo da informação incorreta.

Em seguida, uma coletiva de imprensa em Utah chegou a ser cancelada por “desenvolvimentos rápidos”. Patel, que viajou com Bongino para o Estado, não falou aos jornalistas. Irritado, segundo relatos internos, criticou a equipe por não ter sido informado de detalhes cruciais, como a foto do suspeito.

Após a divulgação de imagens do atirador, Tyler Robinson, o pai do criminoso reconheceu o filho, permitindo que ele se entregasse. O episódio rendeu críticas até de aliados conservadores, mas também apoio do ex-presidente Donald Trump, que elogiou Patel e o FBI por “fazerem um ótimo trabalho”.

Paralelamente, Patel foi alvo de um processo de três executivos demitidos do FBI, que alegam retaliação política. A ação envolve inclusive Brian Driscoll, ex-diretor interino da agência, que afirma ter sido afastado após questionar ordens ligadas à investigação do motim de 6 de janeiro de 2021.

Desde que assumiu o cargo, Patel mudou prioridades do FBI, reforçando a repressão à imigração e ao crime de rua, em sintonia com a agenda de Trump, e incentivando investigações de figuras que atuaram nas apurações sobre supostos vínculos de Trump com a Rússia.

Para críticos, a nova orientação desvia a agência de seu papel histórico em segurança nacional e combate à corrupção, enquanto aliados argumentam que a estratégia responde à crescente violência urbana.

Agora, as audiências no Congresso vão definir se Patel conseguirá manter sua liderança no FBI em meio a turbulências internas e à crescente polarização política nos Estados Unidos.

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