
O senador norte-americano Lindsey Graham, do Partido Republicano, declarou nesta segunda-feira (21) que os Estados Unidos podem aplicar tarifas de até 100% contra países que continuam comprando petróleo da Rússia, citando especificamente Brasil, China e Índia como alvos potenciais. A fala foi feita durante entrevista à emissora Fox News, em tom de ameaça, como forma de pressionar essas nações a se afastarem economicamente do governo de Vladimir Putin.

“Se vocês continuarem comprando petróleo barato da Rússia para permitir que essa guerra continue, nós vamos colocar um inferno de tarifas, esmagando a sua economia”, afirmou o senador da Carolina do Sul.
Brasil citado como aliado indireto de Putin
Para Graham, esses três países — que segundo ele respondem por 80% das compras de petróleo russo com desconto — estariam sustentando financeiramente a ofensiva militar de Moscou contra a Ucrânia. O parlamentar foi categórico ao afirmar que, caso não haja uma mudança de postura, os Estados Unidos poderão impor tarifas pesadas como forma de punição.
“Se isso continuar, vamos impor 100% de tarifa para esses países. Punindo-os por ajudar a Rússia”, disse Graham, ao classificar o comércio com o petróleo russo como um mecanismo de suporte indireto à máquina de guerra do Kremlin.
Pressão para uma escolha entre economia e geopolítica
O senador ainda afirmou que os países envolvidos terão que decidir entre manter relações comerciais com os Estados Unidos ou continuar comprando energia da Rússia. “A China, Índia e o Brasil vão ter de fazer uma escolha entre a economia americana e a ajuda a Putin”, destacou.
A declaração amplia a tensão entre Washington e os países que não aderiram às sanções econômicas impostas à Rússia desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022. Até o momento, Brasil, China e Índia mantêm relações comerciais com Moscou, inclusive no setor de energia.
EUA querem aumentar pressão contra Putin
Graham, um dos senadores mais influentes em temas de política externa, reforçou que os Estados Unidos continuarão fornecendo armas à Ucrânia como resposta aos ataques russos. Segundo ele, a dinâmica do conflito exige novas abordagens.
“O jogo mudou em relação a você, presidente Putin”, afirmou o parlamentar, sinalizando que os EUA estão dispostos a intensificar a pressão econômica e diplomática contra aliados indiretos do regime russo.
Impacto nas relações com o Brasil
A ameaça de tarifa de 100% representa um possível ponto de atrito nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Embora o Brasil mantenha uma posição de neutralidade diplomática no conflito, a continuidade das compras de petróleo russo com preço reduzido pode ser interpretada como apoio indireto ao regime de Putin, segundo a lógica apresentada por Graham.
Ainda não houve resposta oficial do governo brasileiro às declarações do senador, mas a fala pode acender alertas em Brasília, especialmente em relação ao impacto que tarifas norte-americanas poderiam ter sobre as exportações nacionais.
Brasil entre pragmatismo e alinhamentos internacionais
A posição brasileira no conflito da Ucrânia tem sido marcada por pragmatismo: o país condena a guerra, mas evita aderir às sanções impostas pela União Europeia e pelos Estados Unidos. O governo Lula tem priorizado uma postura de não interferência direta, buscando preservar laços comerciais com todos os lados envolvidos.
No entanto, as pressões externas — como as feitas por Graham — indicam que essa posição de equilíbrio pode se tornar mais difícil de manter à medida que a guerra avança e os aliados ocidentais buscam isolar economicamente a Rússia.
