
Em março, um grupo de jovens sul-mato-grossenses deu um passo firme em direção ao futuro. Eles deixaram suas cidades rumo à Universidade de São Paulo (USP), onde aconteceu, entre os dias 24 e 28, a 23ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE) — o maior evento científico voltado à educação básica do país. Voltaram para casa com três prêmios e um feito: Mato Grosso do Sul foi o estado com maior número de projetos finalistas nesta edição, somando 13 ao todo.

Os destaques da delegação deram brilho à ciência feita fora dos grandes centros e provaram que boas ideias podem nascer em qualquer lugar — inclusive em escolas públicas do interior do Brasil.
Do laboratório para o pódio - Entre os premiados, o projeto que mais chamou atenção foi o das estudantes Rebeca Soares Nascimento, Julye Roberta de Abreu Aguiar e Heloisa Satira Rios dos Santos, do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), campus Nova Andradina. Orientadas pelo professor Rodrigo Silva Duran, as alunas desenvolveram a pesquisa “Testes psicometricamente validados de química utilizando inteligência artificial e learnersourcing” — nome técnico para um trabalho que uniu educação, tecnologia e avaliação com precisão.
Com o projeto, conquistaram o 3º lugar na área de Ciências Exatas e da Terra, elevando o nome do IFMS e de Nova Andradina no cenário nacional.
“Foi um orgulho imenso representar o nosso Estado e levar a medalha para casa. É uma sensação de dever cumprido”, relatou uma das integrantes da equipe, emocionada.
Mulheres que escrevem ciência - Outro prêmio veio do projeto “Damas literárias – Ciclo 2: pelo resgate da escrita feminina apagada da história”, também do IFMS, mas do campus Campo Grande. Criado pelas estudantes Amanda Messias Silva, Camila Rodrigues Cunha e Angelina Quevedo Bakarg, com orientação da professora Danyelle Almeida Saraiva, o projeto recebeu incentivo e uma coleção de livros do vestibular da FUVEST.
A proposta revisita a literatura brasileira e dá voz a autoras que foram invisibilizadas ao longo da história, trazendo um olhar crítico e feminino para os livros que formaram gerações.
UhÉMS: ciência com identidade local - O sucesso da participação sul-mato-grossense na FEBRACE tem um nome por trás: Grupo Arandú de Tecnologias e Ensino de Ciências (GATEC), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). O grupo organiza a delegação UhÉMS, que acompanha, capacita e orienta os estudantes da educação básica selecionados para feiras científicas de alto nível.
Desde a preparação até o apoio nos dias do evento, a atuação do GATEC foi essencial para que os jovens pesquisadores chegassem prontos — não apenas com boas ideias, mas com argumentos, metodologia e confiança.
O começo de muitas jornadas - Participar de um evento como a FEBRACE transforma a trajetória desses alunos. Além do reconhecimento e dos prêmios, eles voltam para suas cidades com uma visão ampliada sobre a ciência, a educação e o próprio futuro.
Mato Grosso do Sul, muitas vezes fora do eixo principal das grandes pesquisas nacionais, mostrou que é possível fazer ciência de qualidade com criatividade, esforço coletivo e bons professores.
O brilho das medalhas, neste caso, é apenas reflexo de algo maior: o investimento em educação pública de qualidade e o apoio a jovens talentos que sonham, pesquisam e constroem soluções para o mundo.
