
Em Dourados, uma escola da rede estadual tem transformado o quintal da sala de aula em um verdadeiro laboratório de aprendizado. Na Escola Estadual Floriano Viegas Machado, estudantes do ensino médio estão aprendendo matemática de forma prática, plantando e cuidando de uma horta com canteiros em formas geométricas. A ação faz parte do projeto Horta Geométrica: ensino e sustentabilidade, coordenado pelo professor Heldo Aran.

A proposta alia conceitos de geometria ao cultivo de alimentos e à preservação ambiental. Círculos, quadrados, triângulos e outras formas são desenhados no chão e transformados em canteiros, onde os alunos vivenciam conteúdos teóricos de maneira aplicada, enquanto aprendem também sobre compostagem, trabalho coletivo e alimentação saudável.
“O projeto ensina matemática e sustentabilidade de forma prática, por meio de uma horta em formato geométrico. Dentre os objetivos, destacamos o ensino de forma aplicada, o que auxilia na assimilação do conteúdo e, consequentemente, no aprendizado”, explica o professor Heldo.
A iniciativa é financiada pelo PICTEC (Programa de Iniciação Científica e Tecnológica de Mato Grosso do Sul), com apoio da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia). Os próprios estudantes são responsáveis por todas as etapas do projeto: da construção dos canteiros ao plantio e reaproveitamento de resíduos orgânicos, que são transformados em adubo para a horta.
Estudantes do ensino médio estão vendo a matemática brotar no quintal da sala de aula
Segundo Heldo, a participação ativa dos jovens tem feito com que a matemática se torne mais próxima da realidade deles. “Nossa escola não perde nada de resíduos, tudo é transformado em adubo para uso na horta. E os alunos estão criando gosto pelo estudo da matemática”, afirma.
Além de aplicar os conteúdos matemáticos, o projeto envolve conceitos de ecologia, saúde e alimentação, e ainda promove a integração entre estudantes do ensino médio, fundamental e da educação especial.
“Alguns comentam que nunca haviam estudado matemática de forma prática. Segundo eles, isso ajuda no aprendizado, pois contextualiza a teoria de sala de aula”, relata o professor. “Além disso, eles têm a oportunidade de consumir alimentos de qualidade que são produzidos por eles.”
Para os alunos, a horta representa mais do que uma ferramenta de ensino. A estudante Aline Freitas considera o projeto um divisor de águas em sua experiência escolar. “Esse projeto representa uma forma diferente de se envolver com a escola e de fazer algo útil de verdade. Ele me fez enxergar que dá pra aprender matemática de um jeito mais leve, ligado ao dia a dia, e ainda ajudar o meio ambiente.”
Vitor Pires, outro participante, destaca o valor do aprendizado prático e do contato com a natureza. “O projeto representa para mim uma forma de colocar em prática o que eu aprendi em aulas e também me ensina como é o funcionamento das plantas e as características específicas de cada uma.”
Pedro Prado, colega de turma, vê na troca de conhecimento uma forma de consolidar os próprios aprendizados. “Meu aprendizado melhorou graças às apresentações e explicações que demos para os alunos mais novos, o que nos fez compreender mais sobre as figuras geométricas tridimensionais.”
Nova edição do PICTEC oferece mais bolsas e investimento ampliado
Diante do sucesso de projetos como o da horta geométrica, o Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Fundect e da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), lançou a 5ª edição do PICTEC.
Com investimento previsto de R$ 7,2 milhões, a nova edição oferecerá 1.000 bolsas no valor de R$ 400 para estudantes e 250 bolsas de R$ 800 para professores-orientadores, com duração de 12 meses. As inscrições estão abertas até o dia 5 de setembro de 2025, às 17h (horário de MS), no site www.fundect.ms.gov.br.
Podem participar professores da Rede Estadual de Ensino, do Colégio Militar e do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), com propostas nas áreas de Agronegócio, Bioeconomia, Biotecnologia, Cidades Inteligentes, Energias Renováveis, Biodiversidade, Saúde Animal, Saúde Humana e Tecnologias Sociais e Assistivas.
Desde sua criação, em 2021, o PICTEC já beneficiou mais de 2.300 estudantes e professores com cerca de 500 projetos distribuídos por todo o estado.
