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SAÚDE MENTAL NO CÁRCERE

Espaço terapêutico leva cuidado humanizado e saúde mental a presos da Gameleira II em Campo Grande

Projeto pioneiro oferece práticas integrativas como meditação, aromaterapia e auriculoterapia para internos em sofrimento psíquico

9 agosto 2025 - 07h40Redação
Agepen inaugura espaço terapêutico e lança projeto de cuidado humanizado na Gameleira 2
Agepen inaugura espaço terapêutico e lança projeto de cuidado humanizado na Gameleira 2 - (Foto: Agepen)

Um novo passo na humanização do sistema prisional foi dado nesta quinta-feira (7) com a inauguração do Espaço Terapêutico na Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II, em Campo Grande. A iniciativa, da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), integra o projeto “Cuidado Humanizado em Saúde Mental no Cárcere”, que utiliza práticas integrativas e complementares para atender internos em sofrimento psíquico.

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Idealizado pela enfermeira Alessandra Batistoti, que atua na unidade, o projeto surgiu durante o curso “Saúde e Bem Viver: Cuidado Integral para a Saúde Mental”, promovido pela Escola de Saúde Pública Dr. Jorge David Nasser e pelo Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde (ObservaPICS). A metodologia aplicada segue o Arco de Maguerez, que inclui observação, definição de pontos-chave, teorização, criação de hipóteses e aplicação prática.

No espaço, localizado na enfermaria da unidade, o ambiente foi cuidadosamente preparado com plantas, iluminação suave e sons naturais, buscando proporcionar aos detentos sensação simbólica de liberdade, introspecção e acolhimento. Entre as atividades oferecidas estão automassagem, rodas de conversa, meditação, aromaterapia, auriculoterapia e yogaterapia.

Segundo Alessandra, os efeitos foram imediatos: “Tivemos relatos espontâneos de bem-estar, lembranças afetivas resgatadas, momentos de silêncio, canto, lágrimas e sorrisos. Foi possível perceber não só um alívio de sintomas, mas também o fortalecimento da autoestima e o resgate de um novo projeto de vida para muitos participantes”.

O diretor da unidade, Evandro Mota, destacou a relevância da proposta: “Estamos criando uma nova possibilidade de cuidado dentro do sistema prisional. Esse espaço representa um marco, pois demonstra que é possível promover saúde e dignidade, mesmo dentro de um ambiente marcado por tantas adversidades”.

A inauguração contou com exercícios práticos e integrativos com a técnica Patrícia Mecatti DomingosA inauguração contou com exercícios práticos e integrativos com a técnica Patrícia Mecatti Domingos

Para a gerente de Saúde do Sistema Prisional da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Martha Maria Torres Soares Goulart, a iniciativa mostra a eficácia das práticas integrativas no cuidado aos custodiados e ajuda a reduzir o uso excessivo de medicamentos. “A transformação começa com profissionais engajados na ponta, capazes de fazer a diferença na vida das pessoas privadas de liberdade. O atendimento deve ir além do cuidado básico, promovendo escuta qualificada, acolhimento e dignidade”, afirmou.

O diretor-presidente da Agepen, Rodrigo Rossi Maiorchini, ressaltou que o projeto é parte de uma política voltada para ressocialização e prevenção da reincidência. “A Agepen tem investido em ações que promovam uma nova realidade dentro das nossas unidades prisionais, aliando ressocialização, saúde e humanidade”, declarou.

O “Cuidado Humanizado em Saúde Mental no Cárcere” seguirá ativo, com meta de ampliar o atendimento e integrar as práticas à rotina prisional de forma permanente.

A inauguração contou com apresentações musicais do instrumentista Gabriel do Carmo e da violinista Giovanna Coimbra, além de exercícios integrativos conduzidos por Patrícia Mecatti Domingos. Servidores e colaboradores também participaram de sessões de auriculoterapia.

No mesmo dia, a Agepen realizou visita técnica à Gameleira II, dentro do programa Gestão Presente. O objetivo é aproximar a administração das unidades prisionais, avaliar demandas e identificar melhorias em infraestrutura, atendimento e gestão. A ação também estimula a troca de experiências e o fortalecimento de políticas penitenciárias em todo o estado.

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