3287.59_BANNER TALK AGOSTO [1260x300]
ENEM

Enem tem corte de R$ 81,2 mi; Inep diz que aplicação da prova 'está preservada'

Autarquia não tentou reverter redução de verba e diz ter otimizado recursos; prova vem registrando problemas nas últimas edições

24 junho 2022 - 14h15
Número de inscrições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2022 foi de 3.396.597
Número de inscrições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2022 foi de 3.396.597 - (Foto: Werther Santana/Estadão)

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve um corte orçamentário de R$ 81,2 milhões este ano. A informação foi divulgada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela aplicação da prova.

Canal WhatsApp

Especialistas temem que a redução na verba comprometa a aplicação da prova, que já vinha enfrentando problemas nos últimos anos. O Inep, que não tentou reverter o corte orçamentário, afirma que o Enem 2022 "está preservado" e que "tudo ocorrerá dentro do planejado".

O Enem é a principal porta de entrada para os jovens no ensino superior brasileiro. Neste ano, o número de inscrições saltou 11,6%. Ao todo, 3.396.597 pessoas tiveram as inscrições confirmadas na prova. Na edição de 2021, foram 3.040.908 confirmações. O exame será aplicado nos dias 13 e 20 de novembro.

O corte no Enem tem origem nos bloqueios orçamentários realizados pelo governo federal. A pasta da Educação foi uma das mais afetadas pelos bloqueios de verbas, que somam mais de R$ 8,7 bilhões.

Só no Ministério da Educação (MEC), os bloqueios orçamentários chegam a quase R$ 1,6 bilhão, conforme a Economia. Para o Enem, estava previsto um bloqueio orçamentário de R$ 163,7 milhões que, segundo o Inep, "se converteu em um corte orçamentário efetivo de R$ 81.221.528,00".

A autarquia afirma que não tentou reverter o bloqueio e que fez uma "otimização de recursos" para garantir a aplicação do Enem e de outros exames. O corte de R$ 81,2 milhões corresponde a cerca de 15% do orçamento para a prova.

O Inep também é responsável por provas como Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o Exame Nacional para a Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).

Indagada sobre o modo como otimizou os recursos, o Inep não havia respondido até as 12 horas desta sexta-feira, (24).

Para Lucas Hoogerbrugge, líder de relações governamentais do movimento Todos pela Educação, o corte pode afetar etapas no processo da prova, "desde a operação logística até o banco de itens, que tem a ver com a credibilidade (do exame)". Ele lembra que o orçamento para a prova vem caindo ano a ano.

Os problemas também ficam evidentes. No ano passado, a falta de questões do Banco Nacional de Itens (uma espécie de repositório de perguntas) fez com que a prova deixasse de cobrar temas mais atuais. Não foram elaboradas novas questões em 2020 e 2021.

O Enem também foi alvo de contestação na Justiça, no ano passado, por causa da cobrança pela taxa de inscrição de alunos que faltaram ao exame no auge da pandemia. A exigência de pagamento fez com que milhares de estudantes deixassem de se inscrever - o Enem de 2021 foi o menor desde 2005, quando a prova nem servia como vestibular.

Já o exame aplicado em janeiro de 2021, no auge da pandemia de covid e ainda sem vacinas, não garantiu o distanciamento mínimo entre os candidatos para protegê-los contra a covid-19. Conforme o Estadão revelou, a previsão de lotação das salas de prova era maior do que a anunciada pelo governo.

O Inep contava com a abstenção de candidatos, o que não ocorreu em algumas localidades. Com isso, várias salas ficaram lotadas e parte dos estudantes foi impedida de realizar a prova na data. Naquele ano, o ex-ministro Milton Ribeiro citou a economia de recursos ao falar sobre o planejamento de salas.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop

Deixe seu Comentário

Veja Também

Mais Lidas