
O primeiro dia do Enem 2025, realizado neste domingo (9), destacou-se por abordar temas sociais e culturais amplos, com questões que foram da pressão estética sobre mulheres às diferentes formas de representação religiosa. A prova de Linguagens e Ciências Humanas também incluiu nomes como Margot Robbie, Paolla Oliveira, Paulinho da Viola, Clarice Lispector e Dalton Paula, além de referências à mitologia grega.
A proposta de redação levou os candidatos a refletirem sobre o tema "Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira", que exigiu um olhar crítico sobre qualidade de vida, políticas públicas e preconceito etário.
Mais de 4,8 milhões de estudantes estão inscritos nesta edição. O segundo dia de provas será no domingo (16), com questões de Matemática e Ciências da Natureza.
Linguagens com foco em gênero e representatividade - A prova de Linguagens discutiu temas ligados à diversidade cultural e à pressão estética feminina, com destaque para uma questão que comparava comentários sobre a aparência de Margot Robbie e Paolla Oliveira.
“A questão trouxe à tona um debate importante sobre o controle social exercido sobre os corpos femininos”, afirmou Thatiane Hecht, professora do Elite Rede de Ensino.
Houve também questões sobre variação linguística, como o uso regional do termo “canjica”, e sobre a obra do artista Dalton Paula, que retrata pessoas negras com protagonismo. Outro item comparava os doze trabalhos de Hércules, da mitologia grega, à rotina de trabalhadores brasileiros que precisam conciliar múltiplas atividades para sobreviver.
Humanas destacou História e Sociologia - Em Ciências Humanas, a percepção dos especialistas foi de uma prova com alta carga interpretativa, mas com destaque para História e Sociologia. Segundo Raphael Kapa, do Colégio Andrews, algumas questões pareciam mais adequadas à prova de Linguagens, como as que abordaram Paulinho da Viola e Clarice Lispector.
Ainda assim, História exigiu mais conteúdo de sala de aula do que em anos anteriores. Foram abordados temas como Getúlio Vargas e Carlos Lacerda, grandes navegações e até um trecho de Adam Smith sobre empatia. Pedro Zonta, professor do SEB Lafaiete, observou aumento da presença histórica e interdisciplinaridade com Filosofia, Sociologia e Geografia.
A edição também trouxe questões sobre as religiões cristã, judaica, islâmica e de matriz africana, explorando suas interações com ciência, racismo e controle social. “Essa foi uma questão complexa, pois exigia do aluno interpretação sobre religião, ciência e poder”, avaliou Camila Feitosa, do Elite Rede de Ensino.
Abordagem ambiental e polêmicas sociais - Geografia foi marcada por uma abordagem técnica, com foco em fontes de energia, impactos ambientais e sustentabilidade, em sintonia com o debate global da COP30.
Uma das questões mais comentadas envolveu a desapropriação da fazenda Cabaceiras, no Pará, por casos de trabalho análogo à escravidão, crimes ambientais e descumprimento da função social da propriedade. O item provocou debates por tratar de temas sensíveis e politicamente controversos.
“A desapropriação é legal, prevista na Constituição, mas envolve tensões sobre a questão agrária”, explicou Juliana Przybysz, coordenadora de Geografia do Elite.
Filosofia e Sociologia em alta - A prova manteve a tradição de relacionar pensadores clássicos a temas contemporâneos, com foco em dilemas sociais. Filosofia trouxe abordagens dialógicas, enquanto Sociologia foi uma das disciplinas mais presentes, com questões sobre identidade, desigualdade e participação política.

