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16 de novembro de 2025 - 12h09
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PESQUISA

Descoberta revela pegadas de dinossauros na Amazônia pela primeira vez

Pesquisadores de Roraima identificam vestígios jurássicos na Bacia do Tacutu e apontam presença de dinossauros na região há mais de 100 milhões de anos

16 novembro 2025 - 10h20
Pesquisadores encontraram mais de dez pegadas fossilizadas de dinossauros na Bacia do Tacutu, em Bonfim (RR), datadas de mais de 100 milhões de anos
Pesquisadores encontraram mais de dez pegadas fossilizadas de dinossauros na Bacia do Tacutu, em Bonfim (RR), datadas de mais de 100 milhões de anos - (Foto: Agência Brasil)

Pela primeira vez na história da paleontologia brasileira, pesquisadores confirmaram indícios de que dinossauros habitaram a região amazônica. A descoberta foi feita na Bacia do Tacutu, em Bonfim, no norte de Roraima, onde foram encontradas mais de dez pegadas fossilizadas que datam da transição entre os períodos Jurássico e Cretáceo, há cerca de 103 milhões de anos.

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O achado foi liderado por Lucas Barros, pesquisador da Universidade Federal de Roraima (UFRR), com apoio da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), onde ele concluiu um mestrado em paleoecologia. A pesquisa foi iniciada em 2014, mas só foi retomada em 2021, devido à falta de estrutura e especialistas na época da descoberta inicial.

Primeiras evidências da presença de dinossauros na floresta amazônica - Apesar de o Brasil já ter um histórico relevante de descobertas de fósseis de dinossauros, nunca haviam sido encontradas evidências claras na região amazônica. O motivo, segundo os pesquisadores, está na geologia local: as rochas da Amazônia foram expostas e passaram por um intenso processo de intemperização, que dificulta a preservação de fósseis.

“Se você tem um vale com muita umidade, as barras do rio também ficarão úmidas. Após o animal fazer essa pegada, ela perde a umidade e fica dura. Isso permite que ela resista ao processo de soterramento”, explica Barros.

Foi o que aconteceu com o solo da Bacia do Tacutu. A combinação entre um antigo sistema de rios, vegetação densa e manchas de cerrado criaram as condições ideais para que essas pegadas fossem fossilizadas e resistissem por milhões de anos.

Raptores, ornitópodes e xireóforos entre os possíveis autores das pegadas - As pegadas não permitem identificar exatamente quais espécies caminharam pela região, mas os registros indicam que os autores eram raptores, ornitópodes (bípedes e herbívoros) e xireóforos, um grupo caracterizado por ter uma espécie de armadura óssea nas costas.

Essas trilhas foram encontradas durante aulas práticas de campo com estudantes de geologia da UFRR, sob coordenação do professor Vladimir Souza. Como a universidade não contava com estrutura adequada na época, a pesquisa foi adiada até que Barros assumisse o estudo como tema de mestrado, com orientação do professor Felipe Pinheiro.

Tecnologia 3D auxilia na documentação dos vestígios - Para documentar as pegadas, Barros utilizou uma técnica chamada fotogrametria, que permite a criação de modelos 3D com alta fidelidade. Isso possibilitou descrever detalhadamente os registros fósseis e encontrar novos afloramentos na região.

Além dos icnofósseis (pegadas e rastros), a Bacia do Tacutu também guarda registros de fósseis vegetais, troncos petrificados e restos de invertebrados.

Descoberta enfrenta desafios territoriais e políticos - Um dos principais obstáculos ao avanço da pesquisa é a localização dos fósseis. Muitas pegadas estão em áreas privadas ou em territórios indígenas. Barros já identificou pegadas em quatro áreas dentro da terra indígena Jabuti. No entanto, a insegurança jurídica ainda é um entrave: fazendeiros temem a possibilidade de desapropriação ou demarcação sem indenização justa.

Apesar das dificuldades, Barros acredita que a Bacia do Tacutu ainda esconde centenas de pegadas esperando para serem descobertas e analisadas. A expectativa é que, com apoio institucional e técnico, mais partes da história geológica da Amazônia possam ser reveladas.

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