
O desmatamento na Amazônia voltou a crescer entre agosto de 2024 e julho de 2025, com um aumento de 4% nos alertas registrados, segundo dados do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta quinta-feira (7). No período, foram devastados 4.495 km² de floresta. Em contrapartida, o Cerrado apresentou uma redução expressiva de 21% na perda de vegetação nativa, totalizando 5.555 km² desmatados.

Mesmo com a retração, o Cerrado permanece como o bioma mais afetado em termos absolutos. Já no Pantanal, a queda foi ainda mais acentuada: a supressão de vegetação caiu 72%, passando de 1.148 km² para 319 km². O número de áreas atingidas por incêndios no bioma também caiu 9% em relação ao ciclo anterior.
Os dados são do Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real), que utiliza imagens de satélite para alertas rápidos e ações emergenciais de fiscalização. Embora não represente o balanço final do desmatamento — que será consolidado no fim do ano pelo sistema Prodes —, o Deter é um termômetro importante para indicar tendências.
De acordo com o governo federal, o crescimento dos alertas na Amazônia não se deve exclusivamente ao corte raso, mas principalmente à degradação florestal causada por queimadas. A floresta enfrentou um aumento expressivo no número de incêndios, especialmente no segundo semestre do ano passado, o que impulsionou os números de alerta.
“O que estamos vendo é uma mudança no perfil do desmatamento na Amazônia. A pressão agora vem dos incêndios, e não tanto da retirada direta de árvores”, informou o Ministério do Meio Ambiente, por meio de nota.
Segundo representantes do governo, a intensificação das ações de fiscalização do Ibama e do ICMBio foi fundamental para a redução do desmate em outros biomas. “Estamos fazendo uma ação muito forte para que a impunidade não prospere”, afirmou Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama.
As operações têm sido direcionadas com base nos alertas do Deter, permitindo respostas mais rápidas por parte dos órgãos ambientais e das forças de segurança.
A divulgação dos dados acontece em um momento estratégico. O Brasil vai sediar a COP-30, conferência do clima da ONU, marcada para novembro em Belém (PA). O evento coloca o país no centro das discussões ambientais globais e amplia a expectativa internacional sobre o papel brasileiro na luta contra o desmatamento.
O governo federal mantém a meta de zerar o desmatamento ilegal em todos os biomas até 2030, compromisso firmado no Acordo de Paris como parte do plano nacional de redução de emissões de gases do efeito estufa.
No entanto, pautas recentes aprovadas no Congresso, como a flexibilização do licenciamento ambiental, e dificuldades logísticas para organizar a COP-30 têm gerado críticas e levantado dúvidas sobre a real capacidade de liderança do Brasil na agenda ambiental.
O Pantanal foi o bioma com maior queda percentual na destruição da vegetação, com uma redução de 72% nos alertas de desmatamento. A área suprimida caiu de 1.148 km² no ciclo 2023/2024 para 319 km² no período mais recente.
Além disso, o número de áreas afetadas por queimadas também diminuiu. Segundo os dados do Deter, houve uma retração de 9% nos focos de incêndio no bioma. Essa redução foi atribuída, em parte, ao aumento das ações de prevenção e combate ao fogo adotadas pelos órgãos ambientais e pela atuação conjunta com estados e municípios da região.
A diferença entre os tipos de desmatamento é relevante para a análise. O corte raso — quando toda a vegetação é retirada — caiu na Amazônia. Porém, a devastação por degradação, como no caso dos incêndios florestais, seguiu em alta.
Especialistas apontam que, mesmo sem grandes áreas de corte direto, os danos provocados pelo fogo comprometem a biodiversidade, alteram o regime hídrico da região e ampliam a emissão de gases poluentes.
Os dados do Deter funcionam como um alerta prévio, que antecipa os resultados mais precisos do Prodes, a ser divulgado nos próximos meses. Com a COP-30 se aproximando, o governo terá o desafio de mostrar que está no caminho para cumprir as promessas climáticas feitas ao mundo.
