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15 de outubro de 2025 - 09h55
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EDUCAÇÃO

Professores inovam com música, IA e cultura local para engajar alunos nas salas de aula

Educadores usam Beyoncé, inteligência artificial e saberes indígenas para driblar desafios do ensino no Brasil

15 outubro 2025 - 07h00
O professor Marcos Nunes, do Ginásio Educacional Olímpico Isabel Salgado, no Rio, mostra formas que encontra para despertar o interesse dos alunos
O professor Marcos Nunes, do Ginásio Educacional Olímpico Isabel Salgado, no Rio, mostra formas que encontra para despertar o interesse dos alunos - (Foto: Marcos Nunes/Arquivo Pessoal)

Em um cenário em que professores brasileiros dedicam cerca de 21% do tempo de aula apenas para manter a atenção dos alunos, muitos educadores vêm adotando abordagens criativas para tornar o ensino mais atrativo e eficaz. Seja com batidas de funk sobre fórmulas de Bhaskara, uso de inteligência artificial, ou ensino baseado em saberes indígenas, estratégias diversas têm transformado a sala de aula em um ambiente mais dinâmico e significativo.

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Um dos exemplos é o professor Marcos Nunes, que ensina matemática no Ginásio Educacional Olímpico Isabel Salgado, no Rio de Janeiro. Para ensinar equações do 2º grau, ele utiliza a melodia da música Halo, de Beyoncé, enquanto canta a famosa fórmula de Bhaskara. A ideia é simples: "Eles se motivam, ficam rindo e aprendem", afirma.

A criatividade também é ferramenta fundamental em Guaribas (PI), onde a professora Amanda Sousa ensina inteligência artificial (IA) em uma escola pública com poucos computadores. Mesmo sem acesso contínuo à internet, ela desenvolve aulas práticas com algoritmos e bioma local, como árvores de decisão baseadas em animais da caatinga.

Já nas escolas indígenas Paiter Suruí, em Rondônia, o desafio é manter o interesse dos adolescentes. A coordenadora Elisângela Surui e a educadora Maria do Carmo Barcellos destacam a importância do ensino baseado na oralidade e na prática cotidiana das aldeias, como fazer cerâmica ou cuidar da roça.

Apesar da inovação, os dados da Pesquisa Talis 2024 (OCDE) revelam um retrato preocupante:

  • 44% dos professores são frequentemente interrompidos em sala;
  • Apenas 14% se sentem valorizados pela sociedade;
  • 16% relatam impactos negativos à saúde mental por causa da profissão — acima da média global.

A pesquisadora Luana Tolentino, da UFMG, alerta que o foco excessivo na disciplina pode afastar o aluno do aprendizado. Para ela, a escola precisa dialogar mais com a vida e os saberes dos estudantes. "O conhecimento não nasce só nos livros", diz.

Comemorado em 15 de outubro, o Dia do Professor marca a data em que D. Pedro I instituiu o Ensino Elementar no Brasil, em 1827. A homenagem moderna, no entanto, começou em 1947 e só foi oficializada em 1963. Hoje, mais do que comemorar, o dia serve para refletir sobre o valor e os desafios da profissão docente no país.

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