
Nos últimos anos, a inteligência artificial deixou de ser uma ferramenta para se tornar uma espécie de muleta. Estudantes escrevem redações com ajuda do ChatGPT, programadores pedem códigos prontos para assistentes virtuais e profissionais de diversas áreas confiam nas respostas rápidas dos chatbots para resolver problemas do dia a dia. Mas o que acontece quando essas pessoas ficam sem acesso à IA?

Uma pesquisa realizada por Microsoft e Carnegie Mellon revelou que o uso excessivo da inteligência artificial pode enfraquecer o pensamento crítico. Segundo os pesquisadores, o excesso de confiança na automação pode reduzir a capacidade de análise e tomada de decisão independente.
O estudo, publicado pelo jornal britânico The Telegraph, alerta que as ferramentas de IA generativa (GenAI) podem diminuir o engajamento no trabalho e criar uma dependência de longo prazo.
Jovens e profissionais da tecnologia são os mais afetados - A pesquisa identificou que jovens entre 17 e 25 anos são os mais dependentes da IA. Um estudo conduzido pelo psicólogo comportamental Michael Gerlich, da Swiss Business School, em Zurique, mostrou uma relação negativa entre o uso frequente de IA e o desenvolvimento do pensamento crítico.
No mercado de trabalho, a dependência também cresce. Em setores como a programação, profissionais já relatam dificuldade em realizar tarefas sem a ajuda de assistentes virtuais.
Um programador entrevistado pelo The Telegraph revelou que, durante um voo, desistiu de resolver um problema porque não tinha acesso ao seu assistente de IA. "Simplesmente não consigo mais programar sem a ajuda da IA", admitiu.
Uma solução para o problema? Os pesquisadores sugerem que uma maneira de mitigar essa dependência seria modificar a forma como as pessoas interagem com a IA. Uma das estratégias seria programar os chatbots para fazer perguntas mais complexas ou adicionar pequenos atrasos nas respostas, incentivando o usuário a pensar antes de simplesmente aceitar a sugestão da máquina.
O desafio, no entanto, é que a maioria dos usuários rejeita esse tipo de intervenção. Afinal, por que gastar tempo pensando em uma resposta quando um robô pode entregar tudo pronto em segundos?
O estudo reforça a necessidade de usar a inteligência artificial como uma ferramenta de apoio e não como substituta do pensamento humano. Em um mundo cada vez mais automatizado, o verdadeiro desafio será garantir que as pessoas ainda saibam pensar por conta própria.
