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Um artigo publicado nesta sexta-feira (12) no jornal The New York Times trouxe duras críticas às instituições dos Estados Unidos e elogiou a atuação da Justiça brasileira na responsabilização do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os autores são Steven Levitsky, professor de Harvard e coautor do best-seller Como as Democracias Morrem, e o também professor brasileiro Filipe Campante, da mesma universidade.

Para os especialistas, o Brasil teve coragem institucional para enfrentar um ex-chefe de Estado que tentou subverter a democracia, algo que os EUA, segundo eles, falharam em fazer com Donald Trump. “Apesar de todas as suas falhas, a democracia brasileira é hoje mais saudável do que a americana”, escreveram.
O artigo destaca que a democracia brasileira deu um passo firme ao condenar Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e outros crimes relacionados à tentativa de anular os resultados das eleições presidenciais de 2022. Os autores lembram que Bolsonaro, assim como Trump em 2020, não reconheceu a derrota nas urnas e instigou movimentos antidemocráticos, que culminaram nos ataques de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
Segundo Levitsky e Campante, o Supremo Tribunal Federal do Brasil fez o que o Senado americano e os tribunais federais dos EUA “tragicamente falharam em fazer”: responsabilizar um ex-presidente que tentou subverter o sistema democrático.
Para os autores, as instituições brasileiras agiram com “vigor e eficácia” ao impedirem Bolsonaro de retornar ao poder. Eles destacam que a resposta das autoridades foi rápida e fundamentada nas evidências apresentadas pela Polícia Federal, que apontaram uma conspiração entre o ex-presidente e aliados militares para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
“Após os eventos de 8 de janeiro de 2023 deixarem claro que Bolsonaro representava uma ameaça à democracia, a Justiça brasileira agiu agressivamente para responsabilizá-lo — e impedir seu retorno ao poder”, escreveram.
Levitsky e Campante também criticaram o segundo mandato de Donald Trump, classificado como “abertamente autoritário”. Segundo eles, Trump instrumentalizou agências governamentais para punir opositores, intimidar a mídia, universidades e até o setor privado. “Os Estados Unidos provavelmente já cruzaram a linha do autoritarismo competitivo”, alertam.
Eles lamentam que instituições americanas tenham sido omissas e falhado em defender a democracia de forma efetiva. Em contraste, destacam que o histórico autoritário do Brasil levou suas instituições a agirem com mais responsabilidade e menos complacência.
Interferência dos EUA na América Latina
Outro ponto abordado pelos professores no texto é a postura recente do governo Trump em relação ao Brasil. Eles afirmam que as sanções contra o ministro Alexandre de Moraes e as tarifas aplicadas ao Brasil lembram práticas da Guerra Fria, quando os Estados Unidos apoiavam intervenções antidemocráticas na América Latina.
“Em um movimento que evoca algumas das intervenções mais antidemocráticas dos EUA na Guerra Fria, os Estados Unidos estão tentando subverter uma das democracias mais importantes da América Latina”, alertam.
Democracias precisam ser ativamente defendidas
No encerramento do artigo, os autores reforçam que as democracias não se mantêm sozinhas. Elas precisam ser defendidas, e isso requer ação institucional firme, como demonstrado pelo Brasil no caso Bolsonaro.
“Mesmo os freios constitucionais mais bem elaborados são meros pedaços de papel, a menos que os líderes os exerçam”, concluíram Campante e Levitsky.
