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PROTEÇÃO A MULHER

'Não vamos carregar essa culpa': delegadas da Deam pedem exoneração coletiva

Pedido foi feito depois que três delegadas foram ameaçadas de afastamento; governo ainda não disse o que fará para resolver a crise

19 fevereiro 2025 - 08h35Da redação
A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) fica na Casa da Mulher Brasileira
A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) fica na Casa da Mulher Brasileira - (Foto: Divulgação)

Na tarde de terça-feira (18), doze delegadas da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Campo Grande entregaram um pedido conjunto para deixar a unidade. Foi uma reação imediata à possibilidade de afastamento de três colegas, investigadas por falhas no atendimento à jornalista Vanessa Ricarte, assassinada pelo ex-noivo Caio Nascimento.

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O caso se tornou um símbolo da ineficiência do sistema de proteção a mulheres vítimas de violência. Vanessa foi até a Deam na madrugada de sua morte para pedir uma medida protetiva, mas seu pedido só foi oficializado horas depois. Para piorar, um áudio gravado por ela revelou que uma delegada teria sugerido que ela conversasse com o agressor para resolver a situação. Horas depois, Vanessa foi morta.

Desde então, a crise cresceu e chegou ao governo estadual, que ainda não anunciou nenhuma decisão oficial.

O que aconteceu? - Depois do assassinato, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp) convocou uma reunião emergencial. A intenção era encontrar soluções para evitar que casos como o de Vanessa se repetissem. Durante três horas, autoridades discutiram propostas como a criação de um batalhão especializado para garantir que medidas protetivas sejam cumpridas com mais rapidez.

No entanto, um dos desdobramentos da reunião causou ainda mais tensão: surgiu a informação de que três delegadas da Deam poderiam ser afastadas enquanto durassem as investigações. Entre elas estavam Elaine Cristina Ishiki Benicasa, titular da delegacia, e Riccelly Maria Albuquerque Donha e Lucélia Constantino de Oliveira, que atenderam Vanessa no dia do crime.

O afastamento foi visto por algumas delegadas como uma tentativa de encontrar culpadas rápidas para um problema maior. A resposta veio em bloco: doze delegadas decidiram entregar seus cargos.

O caso Vanessa Ricarte - O assassinato de Vanessa Ricarte expôs falhas no atendimento a mulheres em situação de violência. A jornalista procurou a Deam para pedir uma medida protetiva contra o ex-noivo, mas o documento só foi formalizado horas depois.

A demora foi apenas um dos problemas. Vanessa gravou um áudio ao sair da delegacia e enviou para amigos. Nele, conta que uma delegada sugeriu que ela conversasse com Caio para tentar resolver a situação.

Horas depois, Vanessa foi assassinada.

E agora? A saída coletiva das delegadas colocou a Deam em uma situação delicada. Com menos profissionais, o atendimento a mulheres vítimas de violência pode ser prejudicado.

O governo estadual ainda não disse se aceitará ou não os pedidos de exoneração. Também não informou se tomará medidas para evitar que novos casos sigam o mesmo roteiro do de Vanessa. Enquanto isso, a crise segue aberta.

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