
O ator Dean Cain, famoso por interpretar o Superman na série Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman durante os anos 1990, anunciou que está se alistando ao ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos) como forma de apoio à política anti-imigração do ex-presidente Donald Trump.

A revelação foi feita em entrevista ao canal Fox News na noite de quarta-feira (6). Cain afirmou que já atuava como xerife adjunto e policial da reserva, mas que decidiu entrar para o ICE após a repercussão de um vídeo nas redes sociais em que convida cidadãos americanos a se alistarem voluntariamente à agência.
“Conversei com alguns oficiais do ICE e vou ser empossado como agente do ICE o mais rápido possível”, declarou o ator, acrescentando que acredita estar fazendo “a coisa certa”.
Reforço ao ICE e novo plano migratório
Segundo o jornal britânico The Guardian, o ICE recebeu recentemente US$ 75 bilhões em recursos adicionais por meio do plano fiscal conhecido como “One Big Beautiful Bill”, aprovado pela Câmara dos Representantes dos EUA em julho. O montante deve ser utilizado, entre outras finalidades, para contratar mais 10 mil agentes até 2029.
Desde que Trump foi reeleito, a agência tem ampliado as ações contra imigrantes, com a meta de realizar ao menos 3 mil prisões por dia em território americano. Essas medidas vêm gerando forte reação da opinião pública, com protestos intensos registrados em estados como a Califórnia, onde houve confrontos entre manifestantes e forças de segurança em junho.
Dean Cain e as polêmicas recentes
O alistamento ao ICE marca mais um episódio da radicalização política de Dean Cain nos últimos anos. No mês passado, às vésperas do lançamento do novo filme do Superman, o ator provocou polêmica ao criticar a abordagem da nova produção. Ele classificou o longa como “woke”, após o diretor James Gunn afirmar que o super-herói era “um imigrante”, em referência à origem extraterrestre do personagem.
Cain é uma das vozes mais ativas entre os conservadores que vêm associando pautas identitárias e progressistas à decadência dos valores tradicionais americanos. Agora, com o ingresso no ICE, ele transforma sua militância política em ação direta dentro de uma das agências mais controversas do atual governo Trump.
As ações do ICE seguem sendo altamente polarizadas. Para apoiadores de Trump, a atuação da agência é vista como essencial para a “segurança nacional” e para a “defesa das fronteiras”. Já críticos denunciam excessos, abusos e deportações arbitrárias, inclusive envolvendo famílias e pessoas com longa trajetória de trabalho e residência legal nos Estados Unidos.
Organizações de direitos humanos e ativistas de imigração vêm pressionando parlamentares democratas e autoridades judiciais a frearem o que classificam como “política de perseguição”. Para eles, o aumento da repressão migratória está alimentando um ambiente de medo e xenofobia em várias regiões do país.
A decisão de Dean Cain de se unir ao ICE levanta questionamentos sobre a imagem pública do ator e seu legado como Superman, um dos maiores ícones da cultura pop mundial. Críticos lembram que o personagem criado em 1938 por imigrantes judeus sempre foi retratado como um defensor dos fracos e oprimidos — incluindo, simbolicamente, os próprios imigrantes.
Associar a figura de quem deu vida ao herói à repressão estatal parece contradizer esse ideal, segundo analistas culturais. Já para seus apoiadores, Cain estaria simplesmente levando os valores do Superman para a “vida real”.
