
O metanol, substância usada de forma ilegal para adulterar bebidas alcoólicas, está associado a pelo menos três mortes em São Paulo e São Bernardo do Campo nos últimos dias. Médicos alertam que a intoxicação pode provocar desde náuseas até cegueira irreversível e morte.

Segundo o toxicologista Alvaro Pulchinelli Junior, os primeiros sintomas surgem logo após a ingestão, lembrando sinais comuns de embriaguez, como fala arrastada e reflexos lentos. Mas entre 16 e 30 horas depois, quando o corpo já metabolizou a substância, aparecem os quadros mais graves: náuseas intensas, vômitos, dor abdominal, tontura, fraqueza e alterações neurológicas.
Um dos sinais mais preocupantes é a perda da visão. “A pessoa começa a enxergar borrado, com brilho, e pode evoluir para cegueira”, explica Pulchinelli.
No domingo (28), a Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia (ABNO) divulgou alerta reforçando que se trata de uma emergência médica. “Quanto mais rápido o atendimento, maiores as chances de preservar a vida e a visão”, destacou a entidade.
A recomendação dos especialistas é clara: em qualquer suspeita de intoxicação, busque atendimento médico imediatamente. Sintomas como náusea e vômito podem parecer de ressaca, mas aparecem de forma mais forte e progressiva.
“Não ache que vai passar sozinho em casa. Cada minuto perdido reduz a chance de sucesso do tratamento com antídoto”, reforça Pulchinelli.
O metanol (ou álcool metílico) é usado legalmente na indústria química, em tintas, solventes e combustíveis. Mas criminosos o utilizam para fabricar bebidas falsificadas, como gim, whisky e vodka.
Por não ter cheiro nem gosto, o consumidor não consegue identificar a adulteração. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 25% do álcool consumido no mundo vem de fontes ilegais.
Um estudo publicado na revista Nature Food revelou que, entre 2017 e 2019, surtos de envenenamento por metanol intoxicararam mais de 7 mil pessoas em diferentes países, resultando em 1.888 mortes.
