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PARATLETISMO

De Campo Grande para Paris: a paratleta que superou obstáculos e agora corre nas Paraolimpíadas

A trajetória de Gabriela, de Campo Grande até Paris, representa um marco para o projeto Sprint Social e uma inspiração para outros jovens que veem no esporte uma chance de transformação

27 agosto 2024 - 15h25Da redação
Gabriela Mendonça, de 26 anos, irá competir na prova de 100 metros na classe T13 das Paraolimpíadas de Paris
Gabriela Mendonça, de 26 anos, irá competir na prova de 100 metros na classe T13 das Paraolimpíadas de Paris - (Foto: Divulgação)

Gabriela Mendonça, 26 anos, começou a correr ainda adolescente pelas ruas de Campo Grande, movida por um sonho que parecia grande demais para a realidade ao seu redor. Hoje, ela está prestes a alinhar na pista de atletismo das Paraolimpíadas de Paris, para competir nos 100 metros da classe T13, destinada a atletas com baixa visão. A prova acontece no dia 3 de setembro, mas o caminho até aqui foi cheio de curvas e subidas íngremes.

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Uma história de altos e baixos - Gabriela deu seus primeiros passos no esporte aos 13 anos, treinando com o professor Daniel Sena, em um projeto que começava a engatinhar. Entre idas e vindas, lesões e frustrações, ela quase desistiu. "Cheguei a um ponto de estar tão desgastada emocionalmente que pensei em largar tudo", conta. Em 2021, foi excluída dos Jogos de Tóquio por uma reclassificação na sua categoria visual, uma semana antes da competição. “Foi devastador”, relembra. Mesmo assim, a atleta não se deixou abater. Voltou para Campo Grande e recomeçou do zero no projeto Sprint Social, onde havia iniciado sua jornada anos antes.

O projeto que transforma vidas pelo esporte - O Sprint Social nasceu em 2005 com um nome mais modesto: "Seninha Atletismo". Era o sonho de Daniel Sena, professor de educação física, de criar uma oportunidade para crianças e adolescentes da periferia. Com o tempo, o projeto cresceu, atraiu patrocinadores e passou a transformar jovens promessas em campeões. Hoje, mais de 150 atletas e paratletas treinam sob a orientação de Sena, que mantém a essência do projeto: inclusão e transformação social através do esporte.

“Quando comecei, a estrutura era muito básica, mas o projeto evoluiu. Hoje, os atletas têm uniformes, equipamentos e um espaço adequado para treinar”, destaca Gabriela, que se fortaleceu ali antes de dar o próximo salto em sua carreira.

A paratleta iniciou sua carreira aos 13 anos em Campo Grande com o professor Daniel Sena.A paratleta iniciou sua carreira aos 13 anos em Campo Grande com o professor Daniel Sena.

A corrida que vai além da pista - O Sprint Social já rodou o Brasil participando de competições escolares e adultas. E o impacto vai além das medalhas: cada atleta que passa pelo projeto carrega consigo uma nova perspectiva de futuro. Para Gabriela, a experiência no Sprint Social foi crucial para superar os momentos mais difíceis e reencontrar a confiança perdida. "O treinador Sena nunca deixou de acreditar em mim, e isso fez toda a diferença para que eu voltasse a treinar e chegasse a Paris", diz.

Hoje, Gabriela integra a equipe do Sesi em São Paulo, mas é em Campo Grande, na pista onde tudo começou, que ela encontrou a força para continuar. Seu percurso até as Paraolimpíadas é a prova de que, no esporte, cada queda pode ser o impulso para uma nova arrancada.

Do sonho à realidade: Gabriela em Paris - O caminho de Gabriela até as Paraolimpíadas é uma lição de resiliência e transformação, não só para ela, mas para todos que acompanham o Sprint Social. Para Daniel Sena, ver uma atleta que começou em seu projeto competir em Paris é a realização de um sonho coletivo: “O esporte é a maior ferramenta de transformação social, e ver nossos atletas brilhando em competições internacionais é o reconhecimento de todo o esforço”, afirma o treinador.

O percurso de Gabriela, do asfalto quente de Campo Grande às pistas de Paris, é um exemplo de como o esporte pode abrir portas, construir histórias e, acima de tudo, transformar vidas.

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