
Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (1º) pelo Instituto Datafolha mostra que a sociedade brasileira segue profundamente dividida sobre o destino judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado.

Segundo o levantamento, 48% dos brasileiros afirmam que gostariam de vê-lo preso, enquanto 46% se posicionam contra a prisão. A diferença de dois pontos está dentro da margem de erro da pesquisa, o que caracteriza um empate técnico. Outros 6% dos entrevistados disseram não saber ou preferiram não opinar.
O cenário atual representa uma leve mudança em relação à última rodada da pesquisa, realizada em abril, quando 52% defendiam a prisão de Bolsonaro e 42% eram contrários.
Além de medir o desejo da população, o Datafolha também buscou entender a percepção sobre a possibilidade real de Bolsonaro ser condenado e cumprir pena. De acordo com a pesquisa, 51% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente não será preso, enquanto 40% avaliam que a condenação é provável. Os outros 8% não souberam responder.
A pesquisa ouviu 2.004 pessoas em todo o país nos dias 29 e 30 de julho, e tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O ex-presidente responde a uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), movida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele é acusado de chefiar um grupo criminoso que atuou para impedir a alternância democrática de poder, mantendo-o na presidência por meio de um plano de golpe de Estado.
Entre os crimes pelos quais Bolsonaro é acusado estão:
- Organização criminosa armada
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- Golpe de Estado
- Dano qualificado contra o patrimônio da União
- Deterioração de patrimônio tombado
O processo está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, e será julgado pela Primeira Turma do STF, presidida pelo ministro Cristiano Zanin. O julgamento está previsto para ocorrer em setembro.
Como parte das medidas cautelares, Moraes determinou que Bolsonaro use tornozeleira eletrônica e não se manifeste em redes sociais, entre outras restrições.
De acordo com a PGR, Bolsonaro integra o chamado "núcleo 1" do grupo investigado, composto por autoridades civis e militares de alto escalão. Também são réus no mesmo processo:
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
- Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice na chapa de 2022
A ação penal investiga as ações coordenadas do grupo que, segundo a PGR, atuou com o objetivo de subverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
A divisão registrada pelo Datafolha reflete a polarização política ainda presente no país. O apoio à prisão de Bolsonaro recuou ligeiramente desde abril, e a expectativa de que ele de fato cumpra pena permanece baixa entre os brasileiros, o que pode indicar ceticismo em relação ao sistema judicial ou apoio político ao ex-presidente entre parte do eleitorado.
Com o julgamento se aproximando, o tema deve ganhar ainda mais destaque no debate público, especialmente com a possibilidade de decisões que podem impactar o futuro político de Bolsonaro e seu entorno.
