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Datafolha aponta divisão no país sobre prisão de Bolsonaro por tentativa de golpe

Levantamento mostra empate técnico entre brasileiros que defendem condenação e os que são contra; julgamento no STF deve ocorrer em setembro

2 agosto 2025 - 11h35Redação
Na Câmara, Jair Bolsonaro mostra tornozeleira eletrônica e diz que está submetido a 'máxima humilhação'
Na Câmara, Jair Bolsonaro mostra tornozeleira eletrônica e diz que está submetido a 'máxima humilhação' - (Foto: Wilton Junior/Estadão)

Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (1º) pelo Instituto Datafolha mostra que a sociedade brasileira segue profundamente dividida sobre o destino judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado.

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Segundo o levantamento, 48% dos brasileiros afirmam que gostariam de vê-lo preso, enquanto 46% se posicionam contra a prisão. A diferença de dois pontos está dentro da margem de erro da pesquisa, o que caracteriza um empate técnico. Outros 6% dos entrevistados disseram não saber ou preferiram não opinar.

O cenário atual representa uma leve mudança em relação à última rodada da pesquisa, realizada em abril, quando 52% defendiam a prisão de Bolsonaro e 42% eram contrários.

Além de medir o desejo da população, o Datafolha também buscou entender a percepção sobre a possibilidade real de Bolsonaro ser condenado e cumprir pena. De acordo com a pesquisa, 51% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente não será preso, enquanto 40% avaliam que a condenação é provável. Os outros 8% não souberam responder.

A pesquisa ouviu 2.004 pessoas em todo o país nos dias 29 e 30 de julho, e tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

O ex-presidente responde a uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), movida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele é acusado de chefiar um grupo criminoso que atuou para impedir a alternância democrática de poder, mantendo-o na presidência por meio de um plano de golpe de Estado.

Entre os crimes pelos quais Bolsonaro é acusado estão:

  • Organização criminosa armada
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Golpe de Estado
  • Dano qualificado contra o patrimônio da União
  • Deterioração de patrimônio tombado

O processo está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, e será julgado pela Primeira Turma do STF, presidida pelo ministro Cristiano Zanin. O julgamento está previsto para ocorrer em setembro.

Como parte das medidas cautelares, Moraes determinou que Bolsonaro use tornozeleira eletrônica e não se manifeste em redes sociais, entre outras restrições.

De acordo com a PGR, Bolsonaro integra o chamado "núcleo 1" do grupo investigado, composto por autoridades civis e militares de alto escalão. Também são réus no mesmo processo:

  • Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
  • Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice na chapa de 2022

A ação penal investiga as ações coordenadas do grupo que, segundo a PGR, atuou com o objetivo de subverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

A divisão registrada pelo Datafolha reflete a polarização política ainda presente no país. O apoio à prisão de Bolsonaro recuou ligeiramente desde abril, e a expectativa de que ele de fato cumpra pena permanece baixa entre os brasileiros, o que pode indicar ceticismo em relação ao sistema judicial ou apoio político ao ex-presidente entre parte do eleitorado.

Com o julgamento se aproximando, o tema deve ganhar ainda mais destaque no debate público, especialmente com a possibilidade de decisões que podem impactar o futuro político de Bolsonaro e seu entorno.

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