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MUNDO

Escassez em Gaza aumenta casos de desnutrição grave e causa a morte de 45 pessoas em 4 dias

Fome, falta de água e remédios agravam a situação humanitária, com impacto severo sobre crianças e idosos; pressão internacional cresce por cessar-fogo

24 julho 2025 - 18h45Redação O Estado de S. Paulo
Imagem desta terça-feira, 24, mostra Hidaya, mãe palestina de 24 anos, ao lado do seu filho, Mohammed al-Mutawaq, de 1 ano e 6 meses, em uma barraca para refugiados na Faixa de Gaza. Bebê tem sinais de desnutrição e está doente
Imagem desta terça-feira, 24, mostra Hidaya, mãe palestina de 24 anos, ao lado do seu filho, Mohammed al-Mutawaq, de 1 ano e 6 meses, em uma barraca para refugiados na Faixa de Gaza. Bebê tem sinais de desnutrição e está doente - (Foto: Omar Al-Qattaa/AFP)

A escassez de recursos básicos, como alimentos, água e medicamentos, tem causado um aumento alarmante nos casos de desnutrição severa em Gaza. Nos últimos quatro dias, ao menos 45 pessoas morreram devido à falta de suprimentos essenciais, de acordo com a ONU. Imagens de crianças esqueléticas, que rapidamente se espalharam nas redes sociais e capas de jornais internacionais, intensificaram o apelo global por um cessar-fogo entre Israel e o Hamas.

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O cenário de desnutrição e escassez ocorre em meio a tentativas de negociações para uma trégua, que estão estagnadas após o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, ter chamado os negociadores em Doha de volta a Israel. O negociador americano, Steve Witkoff, acusou o Hamas de não demonstrar boa-fé nas negociações e de não buscar realmente a paz. A União Europeia, por sua vez, advertiu Israel com sanções caso a ajuda humanitária não seja ampliada.

De acordo com organizações como o Comitê Internacional de Resgate e o Programa Mundial de Alimentos, cerca de 500 mil palestinos enfrentam insegurança alimentar em Gaza, enquanto 100 mil estão em estado de inanição. Um terço da população local sofre com longos períodos sem comida, o que aumenta o temor de que a crise se agrave nos próximos dias.

Crise humanitária e alegações de bloqueio

O porta-voz do governo israelense, David Mencer, reagiu às críticas, afirmando que a escassez de alimentos não é causada por Israel, mas sim pelo Hamas, que, segundo ele, teria bloqueado a distribuição de ajuda e até saqueado parte dos suprimentos. O Hamas nega tais alegações.

Desde segunda-feira, diversas entidades internacionais, incluindo Médicos Sem Fronteiras (MSF), Save the Children e Oxfam, têm pressionado Israel para que permita a entrada de mais ajuda em Gaza. Atualmente, 70 caminhões de ajuda entram por dia, um número muito abaixo do mínimo de 100 caminhões estabelecido por acordos com a União Europeia.

O bloqueio a Gaza, que já dura meses, agravou ainda mais a situação. Durante o período de março a maio, Israel proibiu completamente a distribuição de ajuda humanitária como forma de pressionar o Hamas, intensificando a privação da população.

Imagem do dia 23 mostra Yazan, uma criança palestina de dois anos de cidade, ao lado dos irmãos em um campo de refugiados na Faixa de Gaza. Mais de 100 organizações internacionais denunciam má nutrição em GazaImagem do dia 23 mostra Yazan, uma criança palestina de dois anos de cidade, ao lado dos irmãos em um campo de refugiados na Faixa de Gaza. Mais de 100 organizações internacionais denunciam má nutrição em Gaza - (Foto: Omar Al-Qattaa/AFP)

Falta de alimentos e água nas famílias palestinas

As organizações humanitárias acusam Israel de ser responsável pelo cerco em Gaza, limitando os suprimentos e não fornecendo rotas seguras para os comboios de ajuda. A solução, segundo essas entidades, é o aumento significativo das entregas de alimentos para evitar uma crise ainda maior.

O impacto da escassez é mais grave entre as crianças e os idosos, que estão entre os grupos mais vulneráveis. Nos hospitais de Gaza, médicos enfrentam uma sobrecarga de pacientes com desnutrição extrema. As imagens de crianças com aparência debilitada são comoventes, com algumas pesando menos do que bebês recém-nascidos, como o caso de Siwar Barbaq, de 11 meses, que deveria pesar cerca de 9 quilos, mas está com apenas 4.

Desnutrição e mortes de crianças

O aumento do número de crianças morrendo de desnutrição é uma das situações mais devastadoras nos hospitais. Ahmed al-Farra, chefe do setor pediátrico do Hospital Nasser, no sul de Gaza, relatou um aumento significativo nas mortes infantis nos últimos dias. Ele descreveu o caso de Yahia al-Najjar, uma criança de 4 meses que faleceu devido à desnutrição severa, após a mãe não conseguir produzir leite suficiente para alimentá-lo.

Médicos alertam para os danos irreversíveis que a desnutrição na primeira infância pode causar ao desenvolvimento físico e mental das crianças. Em hospitais como o Complexo Médico Nasser, a situação é crítica, com muitos pacientes chegando em estado de fome extrema e necessitando de cuidados urgentes.

Imagem do dia 23 mostra Naeema, palestina de 30 anos, segurando seu filho de dois anos, Yazan, nos braços em um campo de refugiados em GazaImagem do dia 23 mostra Naeema, palestina de 30 anos, segurando seu filho de dois anos, Yazan, nos braços em um campo de refugiados em Gaza - (Foto: Omar Al-Qattaa/AFP)
Imagem do dia 30 de junho mostra crianças palestinas reunidas em um centro de distribuição de comida na Faixa de Gaza. Assassinatos se tornaram frequentes nestes locais, classificados como armadilha por entidades em defesa dos direitos humanosImagem do dia 30 de junho mostra crianças palestinas reunidas em um centro de distribuição de comida na Faixa de Gaza. Assassinatos se tornaram frequentes nestes locais, classificados como armadilha por entidades em defesa dos direitos humanos - (Foto: Eyad Baba/AFP)

Hospitais em colapso

Os hospitais em Gaza estão sobrecarregados e lutam para atender o número crescente de vítimas da guerra, além de pacientes em estado de desnutrição. O Hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza, registrou três mortes por desnutrição nas últimas 36 horas, incluindo a morte de um bebê de 5 meses.

Imagem mostra Mohammed al-Mutawaq, um bebê palestino de 1 ano e 6 meses. Garoto está doente e está subnutrido, enquanto entrega de ajuda humanitária é marcada por controle de Israel e violência Imagem mostra Mohammed al-Mutawaq, um bebê palestino de 1 ano e 6 meses. Garoto está doente e está subnutrido, enquanto entrega de ajuda humanitária é marcada por controle de Israel e violência - (Foto: Omar Al-Qattaa/AFP)
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