
O risco de endividamento dos países é um dos principais entraves para alcançar a meta global de US$ 1,3 trilhão por ano em financiamento climático, segundo afirmou nesta terça-feira (14) a diretora-executiva da COP30, Ana Toni. O valor foi estabelecido como objetivo na COP29, realizada em Baku, Azerbaijão, e será tema central da próxima conferência climática da ONU, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA).

“Esse é um dos pontos mais sensíveis no debate sobre o financiamento climático. Não podemos transferir o custo da transição para os países mais vulneráveis de forma que os sobrecarregue financeiramente”, destacou Toni durante coletiva na Pré-COP, realizada em Brasília com a presença de cerca de 70 delegações internacionais.
O valor trilionário deve ser mobilizado anualmente por múltiplas fontes de financiamento, incluindo recursos públicos, privados, bilaterais, multilaterais e novos mecanismos ainda em discussão. Um relatório técnico com os parâmetros e caminhos para alcançar esse financiamento está em elaboração e será apresentado em Belém.
O presidente designado da COP30, André Corrêa do Lago, ressaltou que o processo preparatório envolve 140 temas de negociação, dos quais cerca de 20 são considerados estratégicos, enquanto os demais são de caráter administrativo. Cada país tem poder de veto sobre qualquer item da pauta, o que aumenta a complexidade do consenso.
“Há muitos subgrupos e em todos eles existem linhas vermelhas, ou seja, pontos que são considerados inegociáveis por parte de algumas delegações”, disse Corrêa do Lago. Segundo ele, uma das metas principais da presidência brasileira será evitar bloqueios nas discussões e impedir que temas não consensuais sejam adicionados de forma forçada à agenda oficial.
A Pré-COP, realizada nos dias 13 e 14 de outubro em Brasília, serviu como ambiente para alinhar expectativas e preparar os temas que estarão no centro da COP30. O encontro, que reuniu ministros, negociadores e representantes de organizações internacionais, teve como foco construir caminhos viáveis para os compromissos climáticos globais, especialmente em relação ao financiamento da transição energética e adaptação às mudanças climáticas.
Belém sediará a COP30 entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025. A conferência é vista como oportunidade estratégica para o Brasil liderar a articulação internacional em torno de financiamento climático, proteção da Amazônia e justiça climática.
