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COP-30

Semana do clima de Nova York será teste diplomático para o Brasil antes da COP-30

Evento nos EUA antecede conferência do clima em Belém e pode influenciar articulações políticas e compromissos internacionais

8 setembro 2025 - 17h45Redação
Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, integra o time de colunistas da Rádio Eldorado para a cobertura da COP-30, em Belém.
Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, integra o time de colunistas da Rádio Eldorado para a cobertura da COP-30, em Belém. - (Foto: Daisy Serena/Observatório do Clima)
Terça da Carne

Faltando pouco mais de dois meses para a realização da COP-30, que acontecerá em novembro em Belém (PA), o Brasil ainda tem pela frente duas etapas cruciais na agenda climática global: a semana do clima de Nova York, marcada para setembro, e a pré-COP-30, que será realizada em outubro, em Brasília. Ambas as reuniões são consideradas estratégicas para a consolidação de alianças, apresentação de metas e preparação logística do evento que colocará o país no centro das discussões ambientais mundiais.

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A semana do clima de Nova York será realizada logo após a abertura da Assembleia Geral da ONU, evento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará o discurso de abertura, como já é tradição. No entanto, o cenário político norte-americano impõe obstáculos relevantes, conforme alerta o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini.

"Ela acontece praticamente em território inimigo, uma vez que o presidente americano se declarou inimigo das questões climáticas", afirmou Astrini em sua coluna semanal na Rádio Eldorado. Ele observa que há incertezas sobre a participação de delegações de diversos países, que podem enfrentar entraves para entrar nos Estados Unidos, caso medidas mais restritivas sejam adotadas.

A crítica se intensifica com a atuação de Donald Trump, ex-presidente e provável candidato republicano nas eleições de 2024, que segue influente no cenário político do país. Segundo Astrini, o ex-presidente é alvo de processos em alguns estados americanos por suspender projetos de energia renovável sem justificativa técnica ou econômica. "É bom ver que existe alguma reação contra essa loucura ambiental que se instalou na Casa Branca", comentou.

Nos dias 13 e 14 de outubro, Brasília será palco da pré-COP-30, um encontro preparatório que reunirá representantes de diversos países para afinar os temas que estarão na pauta da conferência em Belém. Entre os assuntos mais relevantes está o cumprimento do acordo firmado anteriormente que prevê a entrega das metas nacionais de desenvolvimento sustentável.

Até o momento, apenas 30 países — de um total superior a 190 — apresentaram suas metas atualizadas. "Grandes emissores como Índia, China e União Europeia ainda não entregaram suas propostas", alertou Astrini, chamando atenção para o impacto que essa omissão pode ter na efetividade dos acordos futuros.

Um outro ponto de preocupação, embora não faça parte da agenda oficial da pré-COP, diz respeito à logística para acomodação das delegações em Belém. Segundo Márcio Astrini, apenas 70 países têm, até agora, acomodações garantidas. “A dois meses da COP, ainda temos um número gigantesco de países sem acomodações. Isso é realmente grave.”

A questão logística não é trivial. A COP-30 deve reunir cerca de 30 mil pessoas entre negociadores, observadores, jornalistas e membros da sociedade civil. A falta de infraestrutura hoteleira suficiente já era apontada como um desafio desde o anúncio da capital paraense como sede da conferência climática da ONU.

Diante das dificuldades estruturais e das tensões geopolíticas, o Brasil se vê diante de uma responsabilidade dupla: organizar a COP-30 com competência e, ao mesmo tempo, liderar as discussões ambientais em um momento em que o planeta vive extremos climáticos cada vez mais frequentes.

A participação ativa do país nas reuniões preparatórias será determinante para definir o tom da conferência. Lula deverá usar sua presença em Nova York para reforçar o compromisso do Brasil com a agenda verde, buscando também apoio internacional diante do agravamento das mudanças climáticas.

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