ALMS PI 383771260-x-120
INTERNACIONAL

Contra especulação, Líbano fixa preço máximo para alumínio e vidro após explosão

Tragédia destruiu bairros inteiros de Beirute, com um balanço de pelo menos 177 mortos e 6,5 mil feridos; enviado dos EUA pede investigação transparente

15 agosto 2020 - 15h32
Imagem da Virgem Maria passa por escombros em Beirute em celebração do dia da Assunção
Imagem da Virgem Maria passa por escombros em Beirute em celebração do dia da Assunção - (Foto: Wael Hamzeh/EFE)
Comper

O governo interino do Líbano fixou neste sábado, 15, um valor máximo de venda para o consumidor de produtos como alumínio e vidro, para evitar a especulação com bens que serão necessários para a reconstrução de parte de Beirute, após as explosões ocorridas na zona portuária da cidade.

A medida foi tomada em conjunto pelo ministro interino da Economia e Comércio, Raoul Nehme, e pelo ministro interino da Indústria, Emad Haballah, segundo comunicado. A tragédia destruiu bairros inteiros de Beirute, com um balanço de pelo menos 177 mortos e 6.500 feridos.

"Busca proteger os interesses dos cidadãos e evitar que alguns explorem a necessidade dos afetados, de restaurar as habitações e seus bens, após o lamentável incidente no porto de Beirute", diz o texto divulgado pelo Ministério da Economia e Comércio.

O preço fixado vale para venda e instalação de um metro quadrado de alumínio e vidro, "incluindo despesas, taxas e impostos".

O decreto ainda indica que é proibido anunciar valores diferentes para o mesmo produto, obrigar que o consumidor pague em dinheiro ou se negar a cobrar o preço em libras libanesas.

Atualmente, o Líbano tem economia altamente dolarizada, diante da desvalorização da moeda local, o que leva à especulação no mercado paralelo e à grande parte do comércio local só trabalhar com o dólar dos Estados Unidos.

A explosão ocorrida no porto de Beirute, de quase 3 mil toneladas de nitrato de amônio, afetou 601 prédios históricos da capital, além de residências e outras edificações.

EUA pedem investigação transparente

Em visita ao porto de Beirute, o número três da diplomacia americana, David Hale, pediu neste sábado uma investigação "transparente" sobre o incidente. A investigação terá o auxílio de funcionários do FBI (Polícia Federal dos EUA), convidados pelas autoridades libanesas.

"Não podemos recuar e voltar a uma época em que qualquer coisa poderia entrar pelo porto ou atravessar as fronteiras do Líbano", destacou ele, em uma entrevista coletiva.

As autoridades estavam a par, havia anos, da presença das toneladas de nitrato de amônio, como admitiram algumas delas e fontes das forças de segurança.

O governo e a classe política do Líbano rejeitam uma investigação internacional, apesar dos pedidos no país e no exterior que defendem a medida. Ao mesmo tempo, a justiça da França abriu uma investigação: dois franceses morreram na tragédia.

O poderoso e influente movimento xiita libanês Hezbollah é acusado com frequência de ter suas entradas no porto de Beirute e administrar uma rede de contrabando na fronteira com a Síria, país vizinho que está em guerra.

Após a explosão, algumas pessoas acusaram o Hezbollah, considerado uma "organização terrorista" pelo governo dos EUA, de armazenar armas no porto, algo que o líder do movimento, Hassan Nasrallah, negou com veemência.

Hale pediu neste sábado às autoridades que retomem o controle da situação. O FBI se unirá a outros especialistas internacionais que já estão no país, alguns deles procedentes da França. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Banner Whatsapp Desktop

Deixe seu Comentário

Veja Também

Mais Lidas