
O Conselho de Segurança da ONU realizará neste sábado (9) uma reunião de emergência para debater o plano de Israel de assumir o controle da Cidade de Gaza. O encontro foi solicitado por vários países após a decisão do governo israelense, segundo informou o representante palestino nas Nações Unidas, Ryad Mansour.

O Panamá, que ocupa a presidência rotativa do Conselho este mês, confirmou que o pedido formal partiu de Reino Unido, Dinamarca, França, Grécia e Eslovênia, com apoio de Argélia, Rússia, China, Somália, Guiana, Paquistão, Coreia do Sul e Serra Leoa. Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, se posicionaram contra. Apesar da convocação, as reuniões do Conselho raramente resultam em medidas práticas devido a divergências políticas entre os membros.
Mansour realizou consultas com países-membros e se reuniu com o Conselho de Embaixadores Árabes para articular respostas ao movimento israelense. O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou-se “alarmado” com a decisão, classificando-a como uma escalada perigosa que pode agravar ainda mais as consequências humanitárias da guerra para os palestinos. “Ela pode pôr em perigo mais vidas, incluindo os reféns israelenses restantes”, afirmou Guterres em comunicado lido por sua porta-voz, Stephanie Tremblay.
Guterres renovou seu apelo por um cessar-fogo permanente, acesso irrestrito à ajuda humanitária em toda a Faixa de Gaza e libertação imediata e incondicional de todos os reféns.
O comunicado também cobra que Israel cumpra suas obrigações conforme o direito internacional. Guterres lembrou que, em parecer consultivo emitido em 19 de julho, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) determinou que Israel deve:
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Cessar imediatamente todas as novas atividades de assentamento
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Retirar todos os colonos dos territórios palestinos ocupados
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Encerrar sua presença considerada ilegal em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental
Para o secretário-geral, não haverá solução sustentável para o conflito sem o fim da ocupação israelense e a criação de um Estado palestino viável. Ele enfatizou: “Gaza é e deve permanecer uma parte integrante de um Estado palestino.”
A expectativa é de que a reunião deste sábado aumente a pressão diplomática sobre Israel, embora especialistas lembrem que, historicamente, o Conselho de Segurança enfrenta dificuldades para aprovar resoluções vinculantes devido ao uso de vetos por membros permanentes.
