
O rompimento de uma barragem no loteamento urbano Nasa Park, situado entre os municípios de Campo Grande e Jaraguari, em Mato Grosso do Sul, desencadeou um desastre ambiental e social na manhã desta última terça-feira (20). A força das águas invadiu propriedades rurais, arrastou carros, destruiu plantações e chegou a danificar um trecho da BR-163, que precisou ser interditado. Diante dessa tragédia, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-MS) iniciou uma investigação para apurar as responsabilidades técnicas na construção e na manutenção da estrutura que cedeu.

Segundo o Crea-MS, a investigação abrangerá todas as etapas do projeto, desde a concepção inicial até eventuais modificações realizadas ao longo dos anos, além dos procedimentos de licenciamento ambiental, outorga de uso da água e manutenção. O objetivo é verificar se houve falhas ou negligências por parte dos profissionais envolvidos e se as normas de segurança foram devidamente seguidas.
Notificações ignoradas e manutenção precária - O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) revelou que o loteamento Nasa Park já havia sido notificado duas vezes por falta de manutenção na barragem, sendo a primeira em 2019. Naquela ocasião, o Imasul apontou a necessidade de regularização ambiental, incluindo a obtenção de outorga e a realização de manutenção adequada, como a limpeza do talude e a remoção de vegetação excessiva. Mesmo assim, uma nova vistoria em 2023 identificou que o problema persistia, com acúmulo de mato nas saídas da represa, indicando a ausência de cuidados básicos.
As autoridades destacam que, embora o loteamento tenha recebido instruções para corrigir as irregularidades, não há comprovação de que as ações exigidas foram efetivamente realizadas. O resultado dessa negligência se materializou em um volume massivo de cerca de 800 milhões de litros de água, que varreu tudo em seu caminho, afetando principalmente pequenos produtores rurais na região.
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Desastre - O rompimento ocorreu por volta das 8h30 da manhã e rapidamente se transformou em um cenário caótico. A lâmina d’água invadiu propriedades rurais, destruindo plantações e levando consigo animais e bens materiais. Moradores das áreas atingidas relataram que tiveram apenas alguns minutos para buscar abrigo em locais mais altos. Para muitos, o prejuízo foi total, com a perda de plantações inteiras e de animais que não puderam ser resgatados a tempo.
Um dos pontos mais críticos foi a BR-163, onde a força da água destruiu parte da tubulação e do guard rail da rodovia, causando a interrupção do tráfego. Equipes de emergência foram mobilizadas para controlar a situação e realizar os reparos necessários, enquanto os moradores afetados contabilizam os danos e buscam apoio para se reerguer.
A força das águas destruiu plantações, arrastou carros, invadiu propriedades rurais e danificou um trecho da BR-163, que precisou ser interditado.
Investigação e responsabilidade técnica O Crea-MS, órgão responsável por fiscalizar as atividades de engenharia no estado, agora examina se houve falhas técnicas ou omissões no projeto da barragem e em sua manutenção. A apuração também considerará possíveis desvios éticos dos profissionais envolvidos. “A missão do Crea é proteger a sociedade e o meio ambiente, garantindo que as práticas de engenharia sejam seguras e estejam em conformidade com as normas”, reforçou o conselho em nota oficial.
Além do Crea, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) está envolvida nas investigações e nos esforços para minimizar os impactos do desastre. O secretário Jaime Verruck esteve no local e ressaltou que a situação exige respostas rápidas para evitar que tragédias semelhantes voltem a ocorrer.
