
Pelo menos 26 palestinos morreram neste sábado (10) em diferentes pontos da Faixa de Gaza enquanto aguardavam distribuição de ajuda humanitária, segundo hospitais e testemunhas. Os episódios ocorreram em meio ao agravamento da crise humanitária e ao aumento da pressão contra os planos do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de ampliar a ofensiva militar no território.

De acordo com o hospital Nasser, dez pessoas foram mortas perto do corredor Morag, entre Rafah e Khan Younis, enquanto esperavam por caminhões de alimentos. No norte de Gaza, outras seis morreram próximo à travessia de Zikim, segundo o hospital Shifa e o Ministério da Saúde local. No centro do território, testemunhas relataram que tiros de advertência antecederam disparos contra a multidão em busca de mantimentos na Fundação Humanitária de Gaza. Quatro mortes foram registradas pelo hospital Awda, que atribuiu os disparos a forças israelenses.
Outras seis vítimas foram contabilizadas em tentativas de alcançar pontos da fundação em Khan Younis e Rafah. EUA e Israel apoiam a instituição como alternativa à ajuda coordenada pela ONU, mas operações iniciais foram marcadas por episódios de violência e confusão. Tanto a fundação quanto o Exército israelense negaram incidentes próximos a seus postos de distribuição neste sábado.
Além dos confrontos, ataques aéreos mataram sete pessoas, entre elas duas crianças, em Khan Younis e na Cidade de Gaza. Israel não comentou as ofensivas, mas acusou o Hamas de operar em áreas civis.
A crise alimentar continua se agravando. Segundo autoridades de saúde de Gaza, mais duas crianças morreram por causas ligadas à desnutrição, elevando para 100 o número de vítimas infantis desde o início da guerra. Entre adultos, 117 mortes por fome foram registradas desde o fim de junho. Esses números não estão incluídos no total oficial de 61,4 mil mortos na guerra, metade deles mulheres e crianças.
Dentro de Israel, famílias de reféns e apoiadores organizaram protestos em Tel Aviv e convocaram uma greve geral para a próxima semana, temendo que a intensificação dos combates coloque em risco os cerca de 50 sequestrados ainda em Gaza, dos quais 20 estariam vivos.
Na Cisjordânia, o ministro da Defesa Israel Katz afirmou que as tropas permanecerão em campos de refugiados até o fim do ano, após operações que deslocaram 40 mil palestinos desde janeiro. Segundo ele, alertas sobre ataques contra israelenses caíram 80% desde o início da ação militar.
