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MUNDO

Conflito entre Tailândia e Camboja deixa mortos e agrava tensão na fronteira

Disputa histórica intensifica confrontos na região, com acusações mútuas e morte de civis e militares

24 julho 2025 - 22h00Redação, O Estado de S. Paulo
Tanques da Tailândia se dirigem a zona de fronteira com o Camboja
Tanques da Tailândia se dirigem a zona de fronteira com o Camboja - (Foto: Lillian Suwanrumpha/AFP)

A tensão na fronteira entre Tailândia e Camboja atingiu um novo pico nesta quinta-feira, 24, com confrontos em vários pontos da região contestada entre os dois países. O conflito resultou na morte de 11 civis e um soldado tailandês, além de vários feridos. O Exército tailandês e as forças cambojanas trocaram acusações sobre quem iniciou os ataques.

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De acordo com autoridades da Tailândia, o Camboja disparou foguetes contra áreas civis em várias províncias do país, levando a Tailândia a reagir com ataques aéreos utilizando caças F-16 e drones. Em resposta, o Camboja alegou que as forças tailandesas foram as responsáveis pelo primeiro ataque, abrindo fogo contra tropas cambojanas no templo de Prasat Ta Muen Thom, uma área disputada. O confronto entre os dois exércitos resultou em uma intensificação da violência, com forças cambojanas revidando cerca de 15 minutos após o ataque inicial.

Este episódio é apenas o mais recente de uma série de confrontos que datam de maio deste ano, quando um soldado cambojano foi morto em um tiroteio entre as duas forças. O conflito se agravou na quarta-feira, 23, com a explosão de uma mina terrestre que feriu gravemente um soldado tailandês, levando a um aumento da retórica bélica entre as nações.

Tailandeses se retiram da zona de fronteira com o Camboja em meio a confrontos entre soldados dos dois paísesTailandeses se retiram da zona de fronteira com o Camboja em meio a confrontos entre soldados dos dois países - (Foto: Sunny Chittawil/AP)

A questão das minas terrestres, aliada às acusações de colocação indevida de artefatos militares, tem sido uma das principais fontes de tensão. As autoridades tailandesas alegaram que as minas recém-colocadas na área foram fabricadas na Rússia, e não pelo próprio Exército da Tailândia. Já o governo cambojano negou essas alegações, sugerindo que a presença de minas não detonadas é um legado das guerras passadas.

A disputa territorial entre os dois países remonta a décadas e está centrada em áreas ao longo dos 800 quilômetros de fronteira. Em 2011, um confronto similar resultou na morte de 15 pessoas, incluindo civis, e no deslocamento forçado de milhares de pessoas. As tensões têm sido exacerbadas por uma crise política interna na Tailândia, onde o governo da primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra enfrenta crescente pressão após vazamento de uma conversa telefônica com um oficial cambojano.

Tailandês observa danos em um hospital após um bombardeio do Camboja em meio a confrontos entre os dois países Tailandês observa danos em um hospital após um bombardeio do Camboja em meio a confrontos entre os dois países - (Foto: Sunny Chittawil/AP)

Após os novos confrontos desta quinta-feira, Paetongtarn condenou o que chamou de agressão cambojana, afirmando nas redes sociais que o Camboja foi o responsável pelos ataques a territórios tailandeses. Por outro lado, o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, justificou a resposta militar de seu país, afirmando que "não havia escolha senão reagir com força à invasão".

A crise tem atraído a atenção internacional, especialmente da China, que busca mediar o diálogo entre os dois países. Pequim, grande parceiro comercial de ambas as nações, demonstrou preocupação com o escalonamento do conflito e tem trabalhado para facilitar as conversações.

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