
Mais de um ano após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, o estado ainda trabalha na reconstrução de escolas e na preparação da comunidade escolar para enfrentar novos desastres climáticos. De acordo com a secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, oito escolas e até mesmo a sede da Secretaria de Educação ainda não retornaram aos prédios originais.

O foco não está apenas na reconstrução física, mas também na implementação de um plano de contingência que garanta maior resiliência frente a fenômenos climáticos extremos, como ciclones, chuvas intensas e ondas de calor.
Um mapeamento feito com apoio do Banco Mundial identificou 730 escolas em risco de destruição. Destas, 87 foram classificadas como altamente vulneráveis e já estão implementando o plano piloto de prevenção.
“A escola precisa estar preparada, assim como sua comunidade. É o que garante a continuidade do aprendizado mesmo diante de emergências climáticas”, afirmou Raquel, durante o II Fórum Internacional de Sustentabilidade e Educação.
Raquel ressaltou a importância do envolvimento de toda a comunidade escolar na criação de planos de contingência, personalizados para cada realidade. Um exemplo inovador é o Ginásio Resiliente, espaço multifuncional que pode ser usado tanto para práticas esportivas quanto como abrigo em emergências, com estrutura independente e reforçada.
As enchentes de 2024 afetaram 478 dos 497 municípios do estado, impactando diretamente cerca de 2,4 milhões de pessoas. Houve 184 mortes confirmadas, 806 feridos e 25 desaparecidos.
A experiência gaúcha tem repercussão internacional. Em Valência, na Espanha, a reconstrução de escolas após tempestades também contou com a participação ativa das comunidades. O arquiteto José Picó, que atuou em uma dessas reconstruções, destacou que os espaços escolares precisam refletir as necessidades locais e o compromisso com a sustentabilidade.
“A escola deve ser desenhada por quem a vive: alunos, professores e famílias”, defende Picó.
No evento, foi anunciada a vencedora do Prêmio Escolas Sustentáveis: a colombiana Institución Educativa Comercial de Envigado, com um projeto que transforma a comunidade escolar em gestora de ações socioambientais.
Do Brasil, destacaram-se a Escola Estadual Brasil, em Limeira (SP), com um sistema de alerta precoce para desastres naturais, e a Creche Magdalena Arce Daou, de Manaus, com um projeto que une arte, inclusão e sustentabilidade em áreas degradadas.
