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ASSISTÊNCIA SOCIAL

Como funciona o espaço que acolhe mulheres sob risco de morte em MS

Casa Abrigo oferece proteção, apoio emocional e caminhos para um novo começo

25 junho 2025 - 17h45Da Redação
A Casa Abrigo também é a porta de entrada para o Programa Recomeços, criado pelo Governo do Estado.
A Casa Abrigo também é a porta de entrada para o Programa Recomeços, criado pelo Governo do Estado. - (Foto: Monique Alves/Sead)

Em Campo Grande, funciona um espaço sigiloso e seguro onde mulheres vítimas de violência doméstica recebem mais do que abrigo: elas encontram acolhimento, apoio e um recomeço. É a Casa Abrigo para Mulheres em Situação de Risco de Morte, mantida pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul por meio da Secretaria de Assistência Social e dos Direitos Humanos (Sead).

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Voltada para mulheres que estão sob ameaça de morte, a Casa Abrigo oferece proteção e atendimento humanizado para elas e seus filhos menores de 14 anos. A entrada no local acontece por meio de encaminhamento da Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande, e do Ceamca (Centro Especializado de Atendimento à Mulher, à Criança e ao Adolescente em Situação de Violência), que atendem demandas da rede de proteção em todo o estado.

Mais do que abrigo, uma rede de apoio - No espaço, as mulheres acolhidas contam com equipe multiprofissional e estrutura pensada para garantir conforto e dignidade. São oferecidos atendimentos psicológicos, rodas de conversa sobre o ciclo da violência, autoestima, Lei Maria da Penha, além de atividades educativas, esportivas e recreativas para mães e filhos. Também há apoio pedagógico e atendimento médico no local.

“O primeiro mês foi difícil e a adaptação minha e do meu filho também, mas hoje eu posso falar que foi uma das melhores fases da minha vida”, compartilha uma das mulheres acolhidas. “Obrigada por não me deixar desistir de ter uma vida boa com meu filho e a acender sonhos que já haviam se apagado e outros que nem existiam.”

Além do cuidado diário, cada mulher atendida participa da construção de um projeto de vida. Cursos profissionalizantes, como manicure, design de sobrancelhas, culinária e artesanato, são ofertados para que elas possam recuperar a autoestima, gerar renda e conquistar independência financeira.

Auxílio financeiro para recomeçar - A Casa Abrigo também é a porta de entrada para o Programa Recomeços, criado pelo Governo do Estado. O programa garante auxílio financeiro de um salário mínimo por até seis meses, com possibilidade de prorrogação por mais seis, após avaliação técnica. Também pode ser concedido um valor extra, de até quatro salários mínimos, para mobiliar uma nova casa.

Em casos de feminicídio, filhos menores de idade também podem ser beneficiados, desde que estejam em situação de vulnerabilidade. O auxílio não é concedido a autores ou partícipes do crime.

Os critérios para receber o benefício incluem: estar inscrita no CadÚnico, ter medida protetiva expedida nos últimos 30 dias, estar na Casa Abrigo há pelo menos 15 dias e apresentar laudo técnico que comprove risco iminente. São priorizadas mulheres com mais filhos e maior vulnerabilidade social.

“Conheci pessoas de verdade, aprendi a abrir meu coração para receber gentileza, amor, carinho. Estou indo pronta para recomeçar e não parar. Chegar mais longe que eu puder”, afirma outra beneficiária do programa.

Casa Abrigo oferece proteção, apoio emocional e caminhos para um novo começoCasa Abrigo oferece proteção, apoio emocional e caminhos para um novo começo - (Foto: Monique Alves/Sead)

Violência silenciosa - Para a secretária de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos, Patrícia Cozzolino, a violência doméstica nem sempre começa com agressão física. “Ela se inicia de forma sutil, por meio de comentários depreciativos sobre a aparência e da desvalorização emocional da mulher. Muitas vezes, essa dinâmica afeta também os filhos, que passam a repetir falas agressivas do pai contra a mãe. É um ciclo silencioso que vai ganhando força até se tornar físico”, alerta.

O trabalho feito na Casa Abrigo é resultado da articulação entre vários setores: saúde, segurança pública, sistema judiciário e educação. A proposta é não apenas proteger, mas dar às mulheres ferramentas para retomar suas vidas com autonomia e segurança.

Projeto que salva vidas - Com gestão da Sead, a Casa Abrigo e o Programa Recomeços representam um avanço concreto na política pública de combate à violência contra a mulher em Mato Grosso do Sul. Não se trata apenas de oferecer um teto ou um valor em dinheiro, mas de criar condições reais para que mulheres possam reconstruir suas histórias, livres do medo e da violência.

A iniciativa também tem um efeito duradouro: ao trabalhar a autoestima e a geração de renda, contribui para romper o ciclo da violência e evitar que as vítimas retornem para relações abusivas por falta de alternativas.

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