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NASCIDOS EM 11 DE SETEMBRO

Como é nascer no dia do maior atentado terrorista da história?

A reportagem de A Crítica selecionou três personagens que nasceram em 11 de setembro para saber o que faziam neste dia e como convivem com a data dos atentados

11 setembro 2016 - 06h00Helton Davis
Na manhã de 11 de setembro de 2001, dois aviões se chocaram contra as Torres Gêmeas do World Trade Center (WTC), em Nova York. Em seguida, uma terceira aeronave de passageiros foi derrubada sobre o Pentágono, nos arredores de Washington
Na manhã de 11 de setembro de 2001, dois aviões se chocaram contra as Torres Gêmeas do World Trade Center (WTC), em Nova York. Em seguida, uma terceira aeronave de passageiros foi derrubada sobre o Pentágono, nos arredores de Washington - Divulgação

Com certeza alguém já deve ter te perguntado: ‘que dia você nasceu’?. Quando alguém nos pergunta geralmente é pra saber que dia aniversariamos a fim de nos presentear ou organizar uma festa surpresa, seja para saber nosso signo e assim descobrir sobre nossa personalidade ou mesmo só para puxar assunto. Mas e se for dia onze de setembro?

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Em uma primeira impressão, é só mais uma data do calendário e do horóscopo, porém quando prestamos mais atenção nessa data, logo nos vem à cabeça o atentado terrorista contras as torres gêmeas do World Trade Center (WTC) e o Pentágono, nos EUA em 11 de se setembro de 2001, considerado um dos eventos mais trágicos da história. Às pessoas que nasceram nessa data foi perguntado: O que faziam neste dia e como passaram a conviver com essa data nos anos seguintes? A reportagem de A Crítica selecionou três personagens que nasceram em um 11 de setembro para saber o que faziam neste dia em 2001 e como convivem com a data dos atentados.

Para o jornalista Oscar Rocha, 47 anos, foi e por muito será um dos dias mais marcantes em sua vida profissional. Ele relata que por conta dos atentados, pela primeira vez o jornal impresso onde trabalha até hoje lançou uma edição extra de quatro páginas no início da tarde para informar sobre os ataques. “Logo depois do início dos atentados, por volta das 11h, decidimos produzir uma edição extra e isso movimentou todas as editorias e setores do jornal. Foi um trabalho intenso, mas foi bonito e gratificante ver todo o jornal envolvido neste trabalho”, relata.

Oscar, que também é professor, disse que não se incomoda com as brincadeiras e trocadilhos no dia do seu aniversário e afirma que a fatídica data o acompanha em outros acontecimentos. “Sou de uma família de esquerda e o dia 11 de setembro também nos marca muito. Foi o dia em que Salvador Allende, um presidente de esquerda eleito pelo povo, foi deposto do governo chileno em 1972 e daí então se iniciou a temida ditadura de Augusto Pinochet”, finaliza.

Um pouco mais jovem, o também jornalista Fábio Sarzi teve um 11 de setembro um pouco diferente e confuso. Conforme Fábio, na noite do dia anterior, ele saiu com amigos e chegou tarde em casa. Pela manhã, foi atender o primeiro telefonema como era de costume e surpreendeu-se ao que a chamada era de uma amiga que o viu nascer e queria saber notícias da irmã que estava morando no exterior.


“Por estar um pouco sonolento, achei que tinha entendido tudo errado e fui tomar um banho para despertar. Em poucos minutos de banho, o telefone tocou novamente, e como de praxe outra tia daquelas que nunca esquecem nosso aniversário me ligou querendo saber da minha irmã e disse que ela tinha se confundido, pois era meu aniversário. Ainda sim, minha tia disse que estava preocupada e avisasse quando tivesse notícias dela”, conta.

O jornalista lembra que estava em casa sozinho e foi para frente da TV.. Neste meio tempo o celular tocava a todo instante e eu já não queria atender mais, preocupado em não saber o que responder para as pessoas.

“A Globo mostrava os aviões colidindo nas torres e o pânico geral das pessoas. Fiquei desesperado porque minha irmã há dois anos não morava mais no Brasil, e aquilo na hora curou o resto da ressaca do dia anterior, então quando me atentei melhor às informações percebi que a tragédia foi nos Estados Unidos e ela mora na Inglaterra. O alívio foi grande, então liguei para minhas tias para avisá-las que o ocorrido foi em outro país, mas elas não entenderam muito bem a diferença dos dois”.

Fábio disse que por conta da irmã estar bem e em comemoração ao seu aniversário abriu uma lata de cerveja e agradeceu silenciosamente pela sua vida e pela família estar viva. “Quando minha mãe chegou em casa e me viu bebendo, falou:- Só porque é seu aniversário precisa encher a cara logo cedo? Pensei que seria muito trabalhoso explicar o movimento daquela manhã e achei que não teria problema ela pensar que o filho era um alcoólatra”, conta sob risos.

Diferente destes dois casos, para o estudante douradense Ueslei Gabriel, 20 anos, comemorar o aniversário em 11 de setembro trouxe com o passar dos anos, brincadeiras inconvenientes, estigmas e alguns aborrecimentos.

“Bom, na época eu não tinha muita ideia do que tinha acontecido por conta da minha idade (completava cinco anos), mas ainda sim fiquei triste ouvindo as pessoas falando sobre o assunto. Se com o passar dos anos fui compreendendo o acontecido, também passei a ser alvo de algumas brincadeiras inconvenientes por conta disso. Quando falo a data do meu aniversário para meus amigos, automaticamente eles já dizem você faz aniversário bem no dia do atentado às torres gêmeas. Querendo ou não é constrangedor” afirma Ueslei

O estudante conta que em 2013 um homem que não conhecia publicou na linha do tempo de seu Facebook, que ele não deveria celebrar a data de aniversário em luto às vítimas dos atentados. ‘Enquanto você está festando aí, tem muitas famílias chorando pela dor de ter perdido seus familiares no atentado do World Trade Center’, “depois de ler essa postagem, eu me fechei durante algumas horas, porque realmente foi uma tragédia, mas como eu não tenho culpa de ter nascido no mesmo dia do atentado, comemorei com minha família e amigos como faço todos os anos. Algumas pessoas ainda fazem brincadeiras sem graça, mas hoje eu levo isso naturalmente”.

Os ataques

Na manhã de 11 de setembro de 2001, dois aviões se chocaram contra as Torres Gêmeas do World Trade Center (WTC), em Nova York. Em seguida, uma terceira aeronave de passageiros foi derrubada sobre o Pentágono, nos arredores de Washington.

Além disso, um quarto avião caiu em uma área aberta na Pensilvânia, após seus ocupantes terem desafiado os sequestradores. Ele teria como alvo a Casa Branca. A série de atentados provocou quase três mil mortes e deixou um trauma nos Estados Unidos.

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