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TECNOLOGIA

Como as empresas chinesas de eletroeletrônicos tentam ganhar mercado e ampliar vendas no Brasil

Nomes como Oppo, Midea, Hisense e Jovi aumentaram a aposta no mercado brasileiro e buscam reconhecimento do consumidor

2 junho 2025 - 10h35Redação
André Alves, gerente sênior de vendas da Oppo Brasil, marca de celular chinês que amplia presença no País
André Alves, gerente sênior de vendas da Oppo Brasil, marca de celular chinês que amplia presença no País - (Foto: Tiago Queiroz/Estadão)

Grandes empresas do setor de eletroeletrônico da China desembarcaram no Brasil com o objetivo de ampliar sua presença no mercado nacional e conquistar parte da clientela de seus concorrentes. Exemplos disso são as marcas de celulares Oppo e Jovi, que chegaram ao mercado com opções de aparelhos premium para competir com nomes como Samsung, Motorola e Apple.

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Já a Midea tem ampliado sua presença no mercado, entrando em novas categorias de produtos e criando uma nova fábrica, enquanto a Hisense aposta em televisores de 100 polegadas e na marca Toshiba.

O movimento das fabricantes chinesas segue a rota feita por japonesas e sul-coreanas nas décadas passadas. Nos anos 1990 foram as japonesas que dominaram o mercado. Na décadas seguinte, foi a vez das sul-coreanas, que hoje lideram diversos segmentos de produtos no mercado nacional. E, a partir de 2020, são as chinesas que começaram a ganhar força no mercado doméstico.

Nesse movimento, a Oppo fez o que muitas empresas de eletrônicos fazem ao entrar no Brasil: primeiro, testou a temperatura da água antes de mergulhar de cabeça. A marca chegou ao País em 2022 com produtos importados e só dois anos mais tarde firmou uma parceria com a Multi (antiga Multilaser) para ter fabricação local, acelerando sua estratégia de expansão.

A marca trouxe ao Brasil neste ano dois novos aparelhos chamados Reno 13 e Reno 13F, vendidos a partir de R$ 3 mil. De acordo com o gerente sênior de vendas da Oppo Brasil, André Alves, a estratégia da empresa está na venda de smartphones do segmento chamado intermediário-avançado, embora também tenha alguns produtos de entrada, que são mais baratos.

Para se diferenciar no mercado, a companhia aposta em design diferente dos aparelhos e em recursos de inteligência artificial para fotografia, além de oferecer uma configuração de hardware avançada, como a bateria de alta capacidade (5.800 mAh).

“Esses celulares têm recursos de retrato com inteligência artificial, como melhoria de nitidez nas fotos. Às vezes, você tira uma foto de um grupo e uma pessoa se mexeu. A IA corrige isso. Temos também um removedor de pessoas das fotos”, afirma.

A meta da companhia é ousada: tornar-se a segunda maior vendedora de smartphones com sistema operacional Android.

Na prática, isso significa tomar o lugar da Motorola no mercado nacional, e não comprar briga nem com a Apple nem com a Samsung, que domina o setor com folga. Globalmente, a empresa almeja que o Brasil seja um dos cinco principais mercados do mundo.

Participação mundial no mercado de celularesParticipação mundial no mercado de celulares

Já a Midea ampliou a presença no mercado nacional ao entrar em 24 categorias de produtos neste começo de ano, incluindo desde torradeiras, ar condicionado, ventiladores e até aspirador-robô e Air Fryer. Os produtos chegarão gradativamente ao mercado ao longo de 2025.

Além disso, a Midea fez uma aposta grande no País. A empresa inaugurou no fim do ano passado uma fábrica em Pouso Alegre, em Minas Gerais. A unidade foi criada com investimento de R$ 600 milhões e atualmente se dedica a fabricar refrigeradores e alguns modelos de máquinas de lavar. Desse modo, a companhia busca ser competitiva no mercado, que tem marcas como Whirlpool, Electrolux, Samsung e LG.

O vice-presidente de vendas e marketing da Midea, Mario Sousa, afirma que o momento, apesar de adverso para o consumo com o juro em 14,75%, apresenta uma oportunidade de conquistar novos clientes e aumentar o reconhecimento entre os brasileiros.

“Como marca, temos um espaço grande para crescer. Os mercados podem até ficar mais instáveis, mas a gente tende a ganhar participação no mercado. É uma força que a Midea tem globalmente. Então, existe essa oportunidade de roubar espaço dos outros”, diz.

Apesar de a empresa ter três fábricas no País, os novos produtos anunciados para o mercado brasileiro serão importados. Com isso, um dos desafios que a Midea enfrentará é a oscilação do câmbio.

“O mercado brasileiro sempre tem uma possível instabilidade econômica e política, que a gente tem de saber ler e se antecipar. O dólar subiu para 6, houve receio de subir mais e agora está reduzindo. Por isso, a gente tem de ser muito hábil para a empresa continuar mantendo a rentabilidade”, afirma Sousa.

Segundo as empresas, o planejamento não foi impactado pela guerra comercial, pois faz parte de uma estratégia de longo prazo. Além disso, o Brasil é considerado um mercado estratégico por diversas marcas do setor de eletrônicos, e as companhias chinesas estão determinadas a conquistar uma fatia significativa desse segmento.

Para o sócio-diretor da Gouvêa Consulting, Jean Paul Rebetez, a estratégia da Midea de importar produtos é comum no mercado para empresas que desejam diversificar rapidamente o portfólio e antecedem uma avaliação de fabricação local de algumas categorias.

“A Midea tem consolidado sua presença no mercado brasileiro, especialmente no segmento de climatização, onde é reconhecida. Além disso, a Midea tem investido em patrocínios e campanhas publicitárias para aumentar sua visibilidade. Não podemos esquecer que a marca é uma das líderes de mercado no mundo e fará o possível para alcançar essa liderança aqui no Brasil também”, afirma Rebetez.

O especialista lembra ainda que a companhia é reconhecida no mercado de ar condicionado, que teve aumento de fabricação e demanda no País no ano passado.

“Em 2024, o Brasil registrou um aumento significativo na produção e venda de aparelhos de ar-condicionado. A produção cresceu 38%, atingindo 5,8 milhões de unidades fabricadas. Tudo isso impulsionada por ondas de calor intensas e condições econômicas favoráveis, principalmente no que tange desemprego em baixa e ganhos reais de salários”, diz.

Hisense e a TV de 100 polegadas

A Hisense tem se posicionado no mercado brasileiro como uma marca de televisores, apesar de também atuar nos segmentos de lavadoras, refrigeradores e ar condicionado.

Nas TVs, a marca vende modelos de 32 a 75 polegadas, produzidos localmente pela Multi, enquanto os modelos de 100 polegadas são importados atualmente, com planos de nacionalização na próxima linha. Essa telona é vendida na casa dos R$ 20 mil.

O vice-presidente de vendas e marketing da Hisense no Brasil, Erico Traldi, afirma que a estratégia da marca em ter um televisor voltado ao segmento premium do mercado é um movimento estratégico que ajuda a marca a se destacar.

“O consumidor que faz um investimento num produto como esse é mais crítico. Ele estuda mais, realmente pesquisa e não quer errar nessa compra. A gente está tendo um resultado muito bom nesse segmento”, diz.

A empresa é dona ainda da marca Toshiba, que voltou ao mercado após anos. Os produtos também são fabricados no País pela Multi.

Segundo o executivo, a marca também atua no segmento de projetores que, na prática, funcionam como uma espécie de TV sem tela. O principal produto é um projetor a laser que tem resolução 4K (4x mais do que o padrão HD) e imagem de até 300 polegadas. Na prática, o tamanho da imagem projetada é como a de um cinema de bairro.

A empresa também considera a expansão para novas categorias de produtos no País, como fornos, cooktops e aparelhos de áudio, como soundbars para televisores.

Realme e Jovi

Sem revelar dados de investimento, a empresa chinesa de smartphones chamada Realme anunciou em abril a abertura da sua primeira fábrica no País, localizada na Zona Franca de Manaus (AM), que terá capacidade para fabricar 20 mil celulares por dia.

A companhia estima que a unidade irá gerar cerca de 500 novos empregos. A Realme atua no mercado brasileiro desde 2021 e, agora, quer brigar por uma fatia maior de um mercado, hoje dominado por Samsung, Apple e Motorola, fora a ascensão das rivais chinesas, como a Xiaomi, a Oppo e a novata Jovi.

A Vivo, como é chamada na China, precisou mudar de nome devido à operadora de telefonia e sua marca por aqui virou Jovi. A empresa desembarcou por aqui no começo deste ano e terá fabricação local em Manaus em parceria com a GBR Componentes, especializada na produção de máquinas e aparelhos eletrônicos.

Xiaomi

A Xiaomi, uma das principais fabricantes de eletrônicos da China, teve uma entrada marcada por altos e baixos no mercado brasileiro. Em 2015, estreou com grande alarde, contando inclusive com o brasileiro Hugo Barra na equipe de expansão global − executivo que ganhou destaque ao ter uma ascensão meteórica no Google no início da década passada.

A estratégia era vender celulares e outros dispositivos apenas online. Pouco depois, começaram as vendas também por meio da operadora Vivo. No entanto, cerca de um ano depois, a companhia deixaria o País para voltar somente em 2019.

Na segunda vinda, a empresa firmou parceria com a fabricante mineira DL Eletrônicos, abriu lojas físicas e começou a vender no varejo geral. Com a estratégia, a empresa segue um ritmo de lançamentos estável no País nos últimos anos.

De acordo com a própria companhia, a marca continua consolidando sua presença na América Latina. No último ano, a Xiaomi cresceu 10% na região, e ocupa atualmente o segundo lugar no segmento de celulares.

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