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TRÁFICO DE DROGAS

Polícia Federal prende líder de quadrilha de tráfico de cocaína que usava etiquetas de bagagens

Esquema criminoso envolvia troca de etiquetas de malas no Aeroporto de Cumbica para enviar drogas à Europa, com prisão de duas brasileiras na Alemanha em 2023

23 julho 2025 - 10h35Redação O Estado de S. Paulo
Kátyna e Jeanne ficaram mais de um mês presas, mesmo com a Polícia Federal já tendo comprovado a inocência delas.
Kátyna e Jeanne ficaram mais de um mês presas, mesmo com a Polícia Federal já tendo comprovado a inocência delas. - (Foto: Montagem/g1/Reprodução/TV Globo)

Na manhã desta terça-feira, 22 de julho, a Polícia Federal prendeu um dos líderes de uma quadrilha especializada em traficar cocaína para a Europa, utilizando um esquema de troca de etiquetas de bagagens no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP). O criminoso, que estava foragido há mais de dois anos, foi capturado após investigações que desmantelaram a rede de tráfico que operava desde 2022.

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O grupo é acusado de enviar 126 quilos de cocaína para a Europa, em um esquema descoberto em 2023, após a prisão injusta de duas brasileiras na Alemanha. Kátyna Baía e Jeanne Paolini, as vítimas, foram detidas em Frankfurt após terem suas malas confundidas com aquelas que continham drogas. As mulheres, que passaram 38 dias presas, foram libertadas após o Ministério Público alemão confirmar, por meio de investigações da Polícia Federal, que as etiquetas das malas haviam sido trocadas no Brasil.

Esquema sofisticado de troca de etiquetas no aeroporto

Segundo a Polícia Federal, o esquema criminoso funcionava com a colaboração de funcionários do Aeroporto de Cumbica, incluindo uma funcionária da Gol, Tamiris Zacharias, que era responsável pelo check-in e despachava malas com drogas sem seguir os procedimentos adequados. Em imagens divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo, Tamiris é vista com um homem em um dos guichês de check-in, onde ela realiza o despacho de uma mala contendo 43 quilos de cocaína para Lisboa, sem emitir qualquer comprovante.

Além de Tamiris, outras pessoas, como Carolina Pennachiotti, funcionária de uma empresa terceirizada no aeroporto, também foram identificadas como parte da quadrilha. Carolina foi vista em gravações de áudio, interceptadas pela polícia, confirmando sua participação no tráfico.

Ação criminosa em área restrita do aeroporto

A investigação revelou que a troca de etiquetas acontecia em áreas restritas do aeroporto, onde funcionários como Deivid Souza Lima e Pedro Venâncio foram flagrados em março de 2023 trocando etiquetas de malas para garantir o envio da droga ao exterior. O procedimento envolvia retirar as etiquetas originais de bagagens e substituí-las por outras, de modo a camuflar as malas com cocaína no meio de malas legítimas.

Prisões e condenações

Diversos membros da quadrilha já foram condenados pela Justiça. Os chefões da operação, incluindo Gleison Rodrigues dos Santos (Vovô), Fernando Reis de Araújo (Brutus) e outros integrantes de alto escalão da organização, receberam penas severas. Veja os detalhes das condenações:

  • Gleison Rodrigues dos Santos (Vovô): 39 anos, 8 meses e 10 dias em regime fechado

  • Fernando Reis de Araújo (Brutus): 26 anos, 3 meses e 23 dias em regime fechado

  • Matheus Luiz Melo da Silva (Man): 8 anos e 2 meses em regime semiaberto

  • Eubert Costa Ferreira Nunes (Bahia): 8 anos e 2 meses em regime semiaberto

  • Charles Couto Santos: 7 anos em regime semiaberto

  • Carolina Helena Pennacchiotti: 16 anos e 4 meses em regime fechado

O impacto do esquema e o sofrimento das vítimas

O caso das brasileiras Kátyna Baía e Jeanne Paolini gerou grande repercussão, pois elas foram presas sob falsas acusações de envolvimento no tráfico. Durante a prisão, elas passaram por condições degradantes nas celas alemãs, sendo isoladas, algemadas e submetidas a condições desumanas. Após a libertação, a investigação da PF comprovou a troca das etiquetas das malas, levando à soltura das duas mulheres.

Investigações continuam

As investigações da Polícia Federal continuam, e as autoridades têm trabalhado para desmantelar completamente a quadrilha, que operava de forma sofisticada e com ampla colaboração de funcionários no aeroporto e em empresas terceirizadas. A quadrilha também usava códigos e termos como "senha futebol" para despachar drogas, o que foi descoberto através de diálogos interceptados.

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