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Brasileira é presa em Portugal suspeita de matar cinco filhos com uso de medicamentos

Crimes ocorreram entre 2008 e 2023 em Timóteo (MG); investigações apontam envenenamento seguido de asfixia como método

8 agosto 2025 - 08h10Redação
Gisele Oliveira foi presa em Coimbra acusada de matar cinco filhos por envenenamento
Gisele Oliveira foi presa em Coimbra acusada de matar cinco filhos por envenenamento - (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Uma mulher brasileira de 40 anos foi presa em Coimbra, Portugal, suspeita de assassinar cinco filhos ao longo de mais de uma década. Identificada como Gisele de Oliveira, ela é apontada pela Polícia Civil de Minas Gerais como responsável por uma série de crimes ocorridos na cidade de Timóteo (MG), entre os anos de 2008 e 2023. As vítimas tinham idades entre 10 meses e 3 anos.

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A prisão preventiva foi decretada após avanços nas investigações que se intensificaram no ano passado, com a morte da última criança. A defesa da suspeita não foi localizada até o momento.

De acordo com a delegada Talita Martins Soares, a complexidade do caso se deve ao longo intervalo de tempo entre os crimes. “Como os primeiros homicídios aconteceram há muitos anos, foi um trabalho difícil. Mas conseguimos comprovar a materialidade de todos os delitos, o que possibilitou a prisão preventiva”, afirmou.

Os primeiros casos ocorreram em 2010, quando duas mortes foram registradas com intervalo de 32 dias. A investigação, no entanto, apontou também para óbitos em 2019, com diferença de dois meses e meio entre eles. Além dos cinco homicídios, há registro de uma tentativa de envenenamento em 2008, quando veneno foi encontrado em uma mamadeira.

A última criança morreu em 2023, o que levou a delegacia de Timóteo a retomar as investigações com mais profundidade. Segundo a delegada Valdimara Teixeira de Paula, foi possível identificar um padrão nos crimes: as vítimas eram medicadas para reduzir o nível de consciência e, depois, asfixiadas.

Laudos médicos e necropsias reforçaram as suspeitas. No caso de uma criança de 10 meses morta em 2012, foi detectada a presença de fenobarbital, um medicamento com efeito sedativo. A causa da morte foi registrada como asfixia por conteúdo gástrico, o que levou os investigadores a concluir que o método consistia na sedação das vítimas antes da asfixia.

O trabalho investigativo, que durou mais de um ano, incluiu dezenas de depoimentos, análise de prontuários médicos e reconstrução das circunstâncias dos crimes.

A polícia também apurou uma tentativa de homicídio contra o então companheiro de Gisele, registrada em 2022. O homem deu entrada no hospital apresentando sintomas semelhantes aos das crianças: consciência rebaixada, sonolência prolongada e confusão mental. “Os sinais clínicos eram idênticos aos registrados nos prontuários das vítimas anteriores”, explicou a delegada Valdimara.

Essa nova linha de investigação reforçou o padrão identificado e ajudou a consolidar o pedido de prisão preventiva.

Conforme a Polícia Civil, Gisele chegou a ser ouvida durante os primeiros inquéritos em 2010, mas forneceu poucas informações. Em 2023, assim que começaram novas intimações, ela deixou o Brasil e seguiu para Portugal, onde foi localizada e detida.

Atualmente, Gisele aguarda o processo de extradição. Quando retornar ao Brasil, poderá responder por cinco homicídios consumados e duas tentativas, todos com o agravante de envenenamento — o que pode aumentar significativamente a pena em caso de condenação.

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