
Uma mulher brasileira de 40 anos foi presa em Coimbra, Portugal, suspeita de assassinar cinco filhos ao longo de mais de uma década. Identificada como Gisele de Oliveira, ela é apontada pela Polícia Civil de Minas Gerais como responsável por uma série de crimes ocorridos na cidade de Timóteo (MG), entre os anos de 2008 e 2023. As vítimas tinham idades entre 10 meses e 3 anos.

A prisão preventiva foi decretada após avanços nas investigações que se intensificaram no ano passado, com a morte da última criança. A defesa da suspeita não foi localizada até o momento.
De acordo com a delegada Talita Martins Soares, a complexidade do caso se deve ao longo intervalo de tempo entre os crimes. “Como os primeiros homicídios aconteceram há muitos anos, foi um trabalho difícil. Mas conseguimos comprovar a materialidade de todos os delitos, o que possibilitou a prisão preventiva”, afirmou.
Os primeiros casos ocorreram em 2010, quando duas mortes foram registradas com intervalo de 32 dias. A investigação, no entanto, apontou também para óbitos em 2019, com diferença de dois meses e meio entre eles. Além dos cinco homicídios, há registro de uma tentativa de envenenamento em 2008, quando veneno foi encontrado em uma mamadeira.
A última criança morreu em 2023, o que levou a delegacia de Timóteo a retomar as investigações com mais profundidade. Segundo a delegada Valdimara Teixeira de Paula, foi possível identificar um padrão nos crimes: as vítimas eram medicadas para reduzir o nível de consciência e, depois, asfixiadas.
Laudos médicos e necropsias reforçaram as suspeitas. No caso de uma criança de 10 meses morta em 2012, foi detectada a presença de fenobarbital, um medicamento com efeito sedativo. A causa da morte foi registrada como asfixia por conteúdo gástrico, o que levou os investigadores a concluir que o método consistia na sedação das vítimas antes da asfixia.
O trabalho investigativo, que durou mais de um ano, incluiu dezenas de depoimentos, análise de prontuários médicos e reconstrução das circunstâncias dos crimes.
A polícia também apurou uma tentativa de homicídio contra o então companheiro de Gisele, registrada em 2022. O homem deu entrada no hospital apresentando sintomas semelhantes aos das crianças: consciência rebaixada, sonolência prolongada e confusão mental. “Os sinais clínicos eram idênticos aos registrados nos prontuários das vítimas anteriores”, explicou a delegada Valdimara.
Essa nova linha de investigação reforçou o padrão identificado e ajudou a consolidar o pedido de prisão preventiva.
Conforme a Polícia Civil, Gisele chegou a ser ouvida durante os primeiros inquéritos em 2010, mas forneceu poucas informações. Em 2023, assim que começaram novas intimações, ela deixou o Brasil e seguiu para Portugal, onde foi localizada e detida.
Atualmente, Gisele aguarda o processo de extradição. Quando retornar ao Brasil, poderá responder por cinco homicídios consumados e duas tentativas, todos com o agravante de envenenamento — o que pode aumentar significativamente a pena em caso de condenação.
