
Nesta segunda-feira (27), ganha força no Senado um movimento de bastidor que pode influenciar os rumos do agronegócio brasileiro fora das fronteiras. À frente da Comissão Temporária Externa para Interlocução sobre Relações Econômicas Brasil–EUA (CTEUA), o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) articula uma aproximação estratégica com o Congresso dos Estados Unidos, buscando reduzir tarifas que afetam produtos brasileiros.
A iniciativa, que vem sendo costurada desde o início do segundo semestre, ganhou novo fôlego após o encontro entre os presidentes dos dois países durante a cúpula internacional realizada na Malásia, no início de novembro. Trad classificou o momento como “um ponto de inflexão importante no fortalecimento das relações bilaterais”.
Em entrevista à CNN, o senador defendeu o protagonismo do agronegócio brasileiro e, em especial, de Mato Grosso do Sul. “O nosso produto tem sanidade e qualidade. Isso não foi da noite para o dia. É investimento, é pesquisa, é o trabalhador que vai pro campo de sol a sol, é a forma como se produz”, afirmou. Ele também citou a atuação da Embrapa como diferencial competitivo e técnico.
A missão da comissão, segundo Trad, é suprapartidária, técnica e voltada para o interesse nacional. Durante viagem oficial a Washington, entre o fim de outubro e início de novembro, o senador manteve reuniões com parlamentares democratas e republicanos, apresentando dados que demonstram os prejuízos causados pelas tarifas. O objetivo: mostrar que as barreiras comerciais não afetam apenas o Brasil, mas também geram impactos negativos para a economia norte-americana.
Trad também destacou o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin, do chanceler Mauro Vieira e da embaixadora do Brasil nos Estados Unidos, Maria Luiza Viotti. Segundo ele, a interlocução entre Executivo e Legislativo tem sido fundamental para manter uma agenda de diálogo construtivo com os norte-americanos.
Na nota divulgada à imprensa, o senador reforça que a política externa deve estar a serviço do desenvolvimento, e não de embates ideológicos. “Em nossa comissão, a orientação é clara: proteger o Brasil e os brasileiros que trabalham, empreendem e geram riqueza.”
A fala tem forte ligação com a realidade de Mato Grosso do Sul, estado cuja economia é amplamente impulsionada pelo setor agropecuário. Ao defender a abertura de mercados e a retirada de barreiras comerciais, Trad afirma estar representando não apenas os produtores do seu estado, mas toda uma cadeia que movimenta a economia do país.
Com discurso moderado e foco técnico, a diplomacia do agro tenta, aos poucos, reconstruir pontes entre Brasília e Washington. O campo, desta vez, é o da política internacional — e quem colhe os frutos, se tudo der certo, é o Brasil.
