Os restaurantes estão cheios, mas menos cheios do que antes. E o delivery, mesmo com as taxas, segue em alta. Uma pesquisa feita pelo Instituto Foodservice Brasil (IFB) mostrou que, entre abril e junho de 2025, o setor de alimentação fora de casa bateu um recorde de faturamento: R$ 62,4 bilhões. Foi o maior valor da história. Mas tem um detalhe curioso nisso tudo: os brasileiros estão indo menos vezes aos restaurantes e bares. A queda no número de visitas foi de 5% em relação ao mesmo período do ano passado.
O que explica essa conta alta, mesmo com menos gente na rua, é o aumento do valor médio gasto por refeição. Agora, cada ida ao restaurante custa, em média, R$ 21,07 — um aumento de 7% em relação ao ano passado. A pesquisa mostrou que o consumidor tem ido menos, mas, quando vai, gasta mais.
A pressão no bolso também mudou os hábitos de quem pede comida. O delivery foi o único canal que cresceu de verdade nesse período. Ele teve aumento de 11% no segundo trimestre e se consolidou como a escolha principal para almoços e jantares em casa, principalmente durante a semana. Sextas-feiras e domingos, antes os dias mais fortes para o setor, agora são os únicos que perderam espaço no delivery.
As regiões Sudeste e Nordeste lideram esse crescimento, puxadas pelas classes B e C. Ao mesmo tempo, a Classe C foi a que mais reduziu visitas a estabelecimentos físicos — o menor nível desde 2022.
Ingrid Devisate, diretora do IFB, diz que esse comportamento tem a ver com a combinação de inflação, orçamento apertado e uma mudança de prioridades. “Nunca tivemos um gasto tão alto, mas a queda nas visitas mostra que o setor precisa se reinventar”, resumiu.
A pesquisa também indica que os consumidores estão cada vez mais exigentes. O delivery virou regra, não exceção. Para as empresas, o desafio agora é manter a conveniência sem perder de vista o preço e a experiência.
