Em Mato Grosso do Sul, onde 74 municípios dependem do fornecimento da Energisa, a distribuidora detecta diariamente cerca de cem casos de fraudes e furtos de energia. Essa média é um número inquietante para a concessionária, que, em 2024, já viu as irregularidades crescerem 60% em relação ao ano anterior. Na ponta do processo, em campo, uma equipe de técnicos e agentes da Polícia Civil percorre bairros, vilarejos e até regiões isoladas em busca de instalações suspeitas, em um trabalho que se tornou parte da rotina da companhia elétrica.
As fraudes não são um problema recente, mas as operações passaram a exigir novas táticas e até uma adaptação ao uso de tecnologia para rastrear padrões de consumo e identificar o que foge da norma. Com um centro de monitoramento dedicado a acompanhar e analisar dados, a Energisa mapeia inconsistências no consumo de seus clientes e, com o apoio da Polícia Civil, realiza vistorias e prisões em flagrante. Os suspeitos, autuados por crimes de furto de energia e estelionato, enfrentam a legislação penal, que prevê sanções rigorosas.
As operações no estado não poupam alvos. Em Dourados, por exemplo, a recente Operação Quilowatt resultou na vistoria de 33 estabelecimentos comerciais em um único dia. Em cinco deles, o sistema de fornecimento de energia estava adulterado, e seus proprietários foram levados à delegacia, acusados de fraude. Mas para a Energisa, as motivações para combater o furto vão além da questão legal. Segundo Jonas Ortiz, coordenador comercial da concessionária, os desvios de energia não apenas comprometem a rede elétrica, como também aumentam o custo para todos os outros consumidores. “A fiscalização constante é uma necessidade para garantir o equilíbrio do sistema. É uma questão de segurança, de eficiência e, em última instância, de justiça social,” destaca.
O combate ao furto de energia é também uma exigência do órgão regulador do setor, a Aneel, que estabelece que as concessionárias devem realizar ações permanentes para coibir o uso irregular da energia elétrica. Para a Energisa, essas operações não têm data para acabar: enquanto o número de fraudes não ceder, as equipes seguirão em campo.
O desafio de reduzir o furto de energia em Mato Grosso do Sul vai além das operações de campo. A concessionária busca engajar a população, incentivando denúncias de irregularidades. Denúncias anônimas podem ser feitas em diferentes canais, como o site da empresa (energisa.com.br), o WhatsApp (67) 99980-0698, ou diretamente pelo call center 0800 722 7272. “O que estamos fazendo é mostrar que há uma rede de segurança para quem quer colaborar, e isso é fundamental para avançarmos nesse cenário,” conclui Ortiz.
