Grupo Feitosa de Comunicação
(67) 99974-5440
(67) 3317-7890
11 de outubro de 2025 - 14h53
FIEMS
CIDADES

"Morar longe dos serviços é exclusão" diz Carlos Moreno, criador do conceito de Cidade de 15 Minutos

Urbanista franco-colombiano defende que a precariedade habitacional vai além da falta de moradia e inclui a ausência de infraestrutura e serviços básicos próximos às pessoas.

11 outubro 2025 - 10h30
Carlos Moreno defende cidades mais humanas e sustentáveis, com acesso a serviços básicos a curta distância.
Carlos Moreno defende cidades mais humanas e sustentáveis, com acesso a serviços básicos a curta distância. - (Foto: Charles Trigueiro/Divulgação)

A precariedade habitacional não se resume à falta de moradia, mas também à escassez de estruturas e serviços essenciais no entorno das residências. A conclusão é do professor Carlos Moreno, da Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne, criador do conceito Cidade de 15 Minutos, que esteve no Brasil para participar de evento promovido pelo Instituto Motiva.

Canal WhatsApp

“Mesmo que construamos habitações sociais, se elas forem erguidas longe dos centros urbanos, sem acesso a serviços, estamos empurrando os mais pobres para longe da vida”, afirmou o urbanista, durante o painel A Cidade de 15 Minutos.

Moreno defende que o planejamento urbano deve priorizar bairros integrados, onde moradores tenham acesso a saúde, educação, comércio, cultura e lazer a uma curta distância de suas casas.

A proposta busca reduzir a dependência de automóveis, diminuir a poluição e aumentar a qualidade de vida nas grandes metrópoles.

“Transformar nosso modo de vida na cidade é garantir um tempo útil e digno, com inclusão social e econômica, e serviços de qualidade próximos das pessoas”, afirmou.

Segundo o especialista, o rápido processo de urbanização, especialmente nas cidades do Sul Global, como o Brasil, gerou informalidade, desigualdade e falta de convivência social.

“Cidades humanizadas são aquelas onde nos reconhecemos em nossa diversidade e vivemos em harmonia com a natureza e a biodiversidade”, completou.

A presidente do Instituto Motiva, Renata Ruggiero, destacou que não há cidade sustentável sem equidade social.

“Não dá para falar em sustentabilidade convivendo com desigualdades tão profundas. Uma cidade sustentável precisa ser inclusiva e oferecer oportunidades para reduzir desigualdades”, afirmou.

Para ela, qualidade de vida é elemento essencial da sustentabilidade. “As pessoas precisam ter condições de viver de forma mais saudável e integrada, por meio de políticas que promovam saúde, esporte e bem-estar.”

Um dos primeiros territórios a aplicar essa visão será o bairro de Presidente Altino, na divisa entre São Paulo e Osasco. O projeto, liderado pelo Instituto Motiva, busca desenvolver uma metodologia de urbanismo social a partir de uma coalizão territorial que une empresas, organizações civis, poder público e moradores.

“A ideia é sistematizar todo o processo — mobilização, governança e resultados — para inspirar políticas públicas voltadas às cidades”, explicou Renata.

A iniciativa será desenvolvida em parceria com o Centro de Estudos das Cidades – Laboratório Arq.Futuro, e pretende se tornar modelo replicável para outros territórios.

“As transformações urbanas só são potentes quando há articulação entre os diversos agentes do território”, ressaltou Renata.

O Instituto Motiva selecionou 20 territórios em seis estados — São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia, Paraná e Mato Grosso do Sul — para receber ações voltadas à construção de comunidades sustentáveis.

As localidades passarão por diagnósticos territoriais e terão planos específicos de desenvolvimento, com foco em inclusão, mobilidade, sustentabilidade e participação social.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop

Deixe seu Comentário

Veja Também

Mais Lidas