
O arquiteto e urbanista chinês Kongjian Yu, criador do conceito de “cidade-esponja”, morreu na terça-feira (23) em um acidente aéreo no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Reconhecido internacionalmente, ele deixa um legado marcado por projetos que revolucionaram a forma de lidar com enchentes e promover a resiliência climática nas cidades.

Yu era doutor pela Universidade Harvard e reitor fundador da Faculdade de Arquitetura e Paisagismo da Universidade de Pequim. Em 1998, fundou o Turenscape, escritório responsável por mais de mil projetos em 250 cidades de diferentes países.
Entre suas obras mais emblemáticas estão o Parque Florestal Benjakitti (Bangkok), o Rio Meishe (Haikou) e o Pântano de Dong’an (Sanya), exemplos práticos de sua filosofia: conviver com a água em vez de combatê-la.

O conceito de cidade-esponja
Adotada como política nacional na China em 2013, a “cidade-esponja” utiliza áreas verdes, parques, lagos artificiais e estruturas permeáveis para absorver e reter a água da chuva. A ideia reduz enchentes, restaura ecossistemas e transforma as cidades em ambientes mais sustentáveis.
Em palestra virtual para a Firjan no ano passado, Yu resumiu sua visão: era preciso parar de lutar contra a água. Em seus projetos, telhados verdes, pisos porosos e a renaturalização de rios se tornaram soluções fundamentais para conter, desacelerar e absorver o fluxo hídrico.
Nos últimos anos, Yu ampliou o alcance do conceito, propondo a adaptação não apenas de centros urbanos, mas de bacias hidrográficas inteiras. Ele passou a falar em “planeta-esponja”, visão que conecta zonas rurais, encostas e nascentes de rios ao manejo sustentável da água.
Segundo o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), sua pesquisa influenciou políticas ambientais chinesas e inspirou urbanistas em todo o mundo. “Suas propostas conciliam inovação, ecologia e resiliência climática”, destacou a entidade.
Além dos projetos, Kongjian Yu foi editor-chefe da revista Landscape Architecture Frontiers e recebeu doutorados honorários de universidades na Itália e Noruega. Seu trabalho é considerado um marco para a arquitetura da paisagem e para o planejamento urbano sustentável.
