
O fim de julho reserva um espetáculo celeste para os observadores do céu. Duas chuvas de meteoros — Alpha Capricornídeos e Delta Aquáridas do Sul — devem atingir seu ponto máximo de visibilidade entre a noite de quarta-feira (30) e a madrugada de quinta-feira (31). A informação é do Observatório Nacional (ON), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Esses fenômenos são resultado da entrada de pequenos detritos espaciais, geralmente originários de cometas, na atmosfera da Terra. Ao penetrar a alta velocidade, esses fragmentos se incendeiam por atrito com o oxigênio, criando o que popularmente chamamos de estrelas cadentes.
Segundo o astrônomo Marcelo de Cicco, do Observatório Nacional, esses eventos não apenas encantam o público, mas também servem como importantes fontes de dados para estudos sobre a origem e composição do nosso Sistema Solar.
A primeira das chuvas, Alpha Capricornídeos, terá seu ápice visual na noite de quarta-feira (30). Apesar da taxa modesta de cinco meteoros por hora, esse fenômeno é conhecido por gerar meteoros especialmente brilhantes, muitas vezes comparáveis a bolas de fogo.
A constelação de Capricórnio é o ponto de origem visual dos meteoros, e o horário mais indicado para observação é a partir da meia-noite até o amanhecer. A velocidade dos meteoros desta chuva é de 23 km por segundo.
Já a Delta Aquáridas do Sul deve atingir seu pico na madrugada de quinta-feira (31). Esta é considerada uma das chuvas mais ativas do período, com entre 15 e 25 meteoros por hora. Os meteoros dessa chuva são mais velozes, atingindo 41 km por segundo, e surgem a partir da constelação de Aquário.
O horário recomendado para visualização também vai da meia-noite até o nascer do sol, especialmente em locais com céu limpo e sem interferência luminosa.
Como observar - Para aproveitar ao máximo os dois eventos, o Observatório Nacional recomenda buscar locais afastados de centros urbanos, onde a poluição luminosa é menor. Segundo Marcelo de Cicco, embora os meteoros possam surgir em qualquer parte do céu, manter o foco nas constelações de Capricórnio e Aquário pode aumentar as chances de observação.
“Olhe para qualquer parte do céu, mas se concentrar nessas constelações ajuda a identificar os meteoros com mais facilidade”, aconselha o astrônomo.
Além do apelo visual, chuvas como essas têm relevância científica. A análise dos fragmentos que cruzam a atmosfera permite que especialistas estimem a quantidade de detritos em certas épocas do ano, ajudando missões espaciais e centros de controle de satélites a planejar ações de prevenção para proteger equipamentos em órbita.
Essas observações também oferecem pistas sobre a formação e evolução dos cometas, bem como de objetos próximos à Terra, conhecidos como NEOs (Near Earth Objects). Ao estudar as propriedades desses detritos, cientistas podem até identificar fragmentos provenientes da Lua ou de Marte, lançados ao espaço por antigos impactos.
A previsão é de que, se as condições climáticas colaborarem, o céu noturno de várias regiões do Brasil permita uma boa visualização dos fenômenos.
