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FENÔMENO

Chuva preta: fuligem da queimada da Floresta Amazônica atinge o Rio Grande do Sul

Para comprovar a ocorrência, a empresa de meteorologia decidiu realizar uma experiência simples e doméstica.

6 setembro 2024 - 16h10Renata Okumura
Vista aérea de área da Amazônia sendo devastada pelo fogo em Lábrea (AM), em 20 de agosto de 2024.
Vista aérea de área da Amazônia sendo devastada pelo fogo em Lábrea (AM), em 20 de agosto de 2024. - (Foto: Evaristo Sa/AFP)

Durante a passagem da frente fria, o fenômeno conhecido como chuva preta voltou a atingir o Rio Grande do Sul, conforme já havia previsto a MetSul. A fuligem de queimadas da Floresta Amazônica presente na atmosfera com a fumaça impactou a precipitação do fenômeno climático entre quarta-feira, (4), e quinta-feira, (5). Para comprovar a ocorrência, a empresa de meteorologia decidiu realizar uma experiência simples e doméstica.

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"Colocamos um recipiente tão simples como uma tigela de vidro sobre o muro de casa pouco antes do começo da instabilidade, que estava limpo e livre de impurezas, para coletar a chuva. Na quinta-feira, recolhemos a tigela. O que encontramos? Havia fuligem preta (como carvão) na água da chuva que caiu em Porto Alegre, resultado da queima de biomassa com os incêndios na Bolívia e Amazônia", explicou a MetSul.

Ainda na quinta-feira, com o ingresso de ar seco e frio de alta pressão, a nebulosidade diminuiu. Com a mudança do vento para Sul, a fumaça deixou o Estado gaúcho, temporariamente.

Nesta sexta-feira, (6), a fumaça de queimadas cobre grande parte do Brasil. Com exceção de áreas do Nordeste e mais ao Sul, uma enorme área do País está coberta, com pior cenário para Norte, Centro-Oeste e Sudeste.

No entanto, a MetSul já alerta para a volta da fumaça das queimadas aos três Estados do Sul neste fim de semana, após uma melhora temporária da qualidade do ar que afastou a fuligem para a área central do País.

"Neste fim de semana, espera-se a presença de fumaça de queimadas no Norte, no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul do Brasil com a maior densidade do material particulado sobre a Região Norte, em particular em Rondônia e no Sul do Amazonas", alerta a empresa de meteorologia.

O que é chuva preta?

Soot ou fuligem é um material particulado constituído principalmente de carbono, que se forma como resultado da combustão incompleta de materiais orgânicos, como combustíveis fósseis (carvão, petróleo) e biomassa (madeira, resíduos agrícolas), de acordo com a MetSul.

"Quando esses materiais não queimam completamente, em vez de se transformarem inteiramente em dióxido de carbono (CO2) e vapor de água, eles produzem partículas finas de carbono negro e outros compostos. Essas partículas são extremamente pequenas, com diâmetros na escala de nanômetros a micrômetros, o que lhes permite permanecer suspensas no ar por longos períodos e viajar grandes distâncias", disse a empresa de meteorologia.

Conforme a MetSul, a fuligem e a chuva preta estão intimamente relacionadas. "A chuva preta é um fenômeno que ocorre quando a fuligem e outras partículas contaminantes presentes na atmosfera se misturam com a umidade e precipitam sob a forma de chuva."

Trata-se de chuva contaminada com poluentes, que ao cair no solo pode afetar corpos dágua, solos e vegetação. "A chuva preta tem impactos visíveis no ambiente urbano. Ela pode deixar uma camada de sujeira nas superfícies, como prédios, veículos e infraestrutura, o que pode levar à degradação dos materiais e aumentar os custos de manutenção", afirma a MetSul.

Conforme alerta a empresa de meteorologia, a relação entre fuligem e chuva preta é um indicador preocupante dos níveis de poluição atmosférica em muitas partes do mundo.

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