
A chuva de 20 mm que caiu em várias regiões do Pantanal em Mato Grosso do Sul desde a madrugada desta quinta-feira (8) trouxe alívio para as áreas afetadas pelos incêndios florestais. Em locais como Albuquerque, Miranda e Abobral, a chuva ajudou a controlar e até extinguir alguns focos de incêndio. Contudo, na fazenda Santa Clara, apesar da diminuição da temperatura e da presença de orvalho, os ventos persistentes ainda representam um risco significativo.

Na fazenda Cáceres, o fogo foi controlado com a queda da temperatura. Situação semelhante ocorreu no Nabileque, onde a garoa ajudou a conter as chamas. A fazenda Tupanceretã, que enfrentou um grande incêndio após um caminhão pegar fogo há duas semanas, teve o fogo controlado com a ajuda das condições climáticas mais favoráveis e da atuação do Corpo de Bombeiros.
"Ontem (7) ao meio-dia fez 37,3°C em Corumbá, mas agora [às 10h desta quinta] está 16°C. A última chuva significativa no município aconteceu em 16 de abril, então são praticamente quatro meses de muita seca. Hoje, conforme a atualização do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), já são 20 mm acumulados", explicou Valesca Fernandes, coordenadora do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima).
Desafios para o Corpo de Bombeiros - O trabalho dos bombeiros tem sido intenso, especialmente na região do Salobra, entre Miranda e Corumbá, onde oito equipes de bombeiros de Mato Grosso do Sul, com apoio de bombeiros do Paraná, atuaram para controlar as chamas às margens da BR-262. A fumaça densa e a fuligem na rodovia levaram à suspensão do tráfego em ambos os sentidos, enquanto as equipes se esforçavam para conter o incêndio.
"Se você precisar trafegar por aqui, muita atenção. Está extremamente perigoso", alertou a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul.
Fumaça encobrindo o solo e impedindo identificação de locais com fogo (Foto: Natalia Yahn)
Combate aéreo comprometido - Os ventos fortes, superiores a 50 km/h, e a densa fumaça prejudicaram significativamente o combate aéreo. A baixa visibilidade impossibilitou que as aeronaves lançassem água sobre os focos de incêndio, tornando o trabalho das equipes em terra ainda mais crucial.
"Para a proteção das pessoas que trafegam na rodovia foi necessário fazer várias interrupções do tráfego. Fizemos o combate direto, com veículos autotanque e com autobomba tanque florestal", comentou o capitão Hamad Pereira, que coordenava as equipes em solo.
Impacto na aviação - A situação extrema não afetou apenas as operações de combate ao fogo, mas também a segurança dos voos na região. Cassius Marodin, piloto que atua na CGPA (Coordenaria Geral de Policiamento Aéreo), destacou que a densidade da fumaça e as condições climáticas tornaram as operações aéreas extremamente desafiadoras.
"A alta temperatura, a densidade e a visibilidade, isso tudo é alterado por questões do fogo. Faz com que o piloto tenha que ter uma atenção redobrada, porque voamos um pouco mais baixo e mais lento. Precisamos tomar cuidado com as aves. Isso gera uma maior preocupação", acrescentou Amador Colletes, tenente-coronel e piloto da PM do Estado.
Esforço contínuo de combate - O combate aos incêndios no Pantanal já dura 129 dias, com a mobilização de diversas forças, incluindo a Força Nacional, bombeiros de outros estados, Força Aérea Brasileira, Marinha do Brasil, Exército Brasileiro, PrevFogo/Ibama e ICMBio. O governo de Mato Grosso do Sul investiu mais de R$ 50 milhões na estrutura de combate, e o governo federal recentemente liberou R$ 137 milhões adicionais.
"A nossa corporação está voltada às atividades no Pantanal. Solicitamos apoio de outras corporações com especialistas porque a nossa área é muito extensa e de difícil acesso", destacou Tatiane Inoue.
