
Reação oficial da China elevou o tom contra os Estados Unidos após a interceptação de um petroleiro que transportava petróleo venezuelano com destino ao país asiático. Nesta segunda-feira (22), o Ministério das Relações Exteriores chinês afirmou que a ação americana configura uma grave violação do direito internacional.
Durante entrevista coletiva, o porta-voz da chancelaria chinesa, Lin Jian, declarou que a interceptação de navios de outro país em águas internacionais é ilegal e reforçou que a Venezuela tem o direito de desenvolver relações comerciais e diplomáticas com outras nações.
A manifestação ocorre dois dias depois de a Guarda Costeira dos Estados Unidos interceptar um petroleiro na costa da Venezuela, em águas internacionais. A ação aconteceu após o presidente americano, Donald Trump, anunciar um “bloqueio” a todos os petroleiros sancionados que entram ou saem do território venezuelano.
Segundo o governo dos EUA, a embarcação fazia parte de um esquema de evasão ilegal das sanções impostas à Venezuela. As autoridades americanas alegam ainda que o navio operava com bandeira falsa e estava sob ordem judicial de apreensão.
Petroleiro usava nome falso
De acordo com documentos citados pelas autoridades, o petroleiro interceptado, chamado Centuries, teria carregado petróleo na Venezuela utilizando o nome falso de “Crag”. A carga era de aproximadamente 1,8 milhão de barris de petróleo bruto venezuelano do tipo Merey, com destino final à China.
A China é atualmente a principal compradora do petróleo venezuelano. O produto representa cerca de 4% das importações chinesas de petróleo bruto, o que dá peso estratégico à rota comercial interrompida pela interceptação.
O governo da Venezuela reagiu com dureza ao episódio e classificou a ação dos Estados Unidos como um “grave ato de pirataria internacional”. Caracas sustenta que a apreensão do navio viola normas do comércio internacional e do direito marítimo.
Escalada diplomática
O episódio amplia a tensão diplomática envolvendo Estados Unidos, China e Venezuela, em um contexto de sanções econômicas, disputas geopolíticas e pressão sobre o comércio internacional de energia. Ao criticar abertamente a interceptação, Pequim sinaliza que não pretende aceitar restrições unilaterais que afetem suas rotas de abastecimento.
Até o momento, Washington não comentou diretamente as declarações do governo chinês.

