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RÚSSIA X UCRÂNIA

Ucrânia acusa Rússia de descumprir trégua pela 2ª vez e cessa nova tentativa de retirada de civis

"A segunda tentativa de um corredor humanitário para civis em Mariupol terminou novamente com bombardeios dos russos", disse Anton Gerashchenko

6 março 2022 - 09h20
Após bombardeio em Mariupol, janela de hospital fica estilhaçada.
Após bombardeio em Mariupol, janela de hospital fica estilhaçada. - (Foto: Reprodução/Estadão)

Ataques russos interromperam pela segunda vez os planos de retirada de civis da cidade de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, disse o conselheiro do ministério do Interior do país, Anton Gerashchenko. "A segunda tentativa de um corredor humanitário para civis em Mariupol terminou novamente com bombardeios dos russos", escreveu em sua conta no Telegram.

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A Prefeitura de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, havia anunciado neste domingo, 6, uma nova tentativa de retirada de civis a partir das 12h (horário local, 8h no horário de Brasília), um dia após a Rússia ser acusada de descumprir um acordo de cessar-fogo na região.

"A retirada de civis em Mariupol começa às 12h", havia dito a Câmara Municipal da cidade portuária m sua conta oficial do Telegram. De acordo com o Centro de Coordenação da Administração Civil-Militar Regional de Donetsk, Pavel Kirilenko, o cessar-fogo humanitário seria estabelecido neste domingo entre as 10h e as 21h (horário local, 5h e 16h no Brasil).

A retirada da população da cidade, de 450 mil habitantes, seria feita a partir de três pontos por autocarros municipais e, seguindo o traçado previsto, em transporte privado, seguindo os autocarros em coluna, indicou a Câmara Municipal de Mariupol.

No sábado, 5, a Rússia foi acusada de descumprir um acordo de cessar-fogo que contemplaria as cidades de Mariupol e Volnovakha. O governo ucraniano planejava retirar 215 mil pessoas da região.

Forças russas teriam cercado a cidade, impedindo o funcionamento dos corredores humanitários, disseram autoridades de Mariupol. Em um comunicado, a prefeitura da cidade pediu aos moradores que retornassem aos abrigos da cidade e aguardassem mais informações sobre o plano de retirada.

Mais cedo, o Ministério da Defesa russo havia divulgado a abertura de corredores humanitários próximos das duas cidades, que estão cercadas por tropas de Moscou. Em Mariupol, civis seriam autorizados a sair durante uma janela de cinco horas, segundo as autoridades da cidade.

Crise humanitária

Agências de ajuda alertam para uma crise humanitária que se desenvolve à medida que alimentos, água e suprimentos médicos se esgotam e refugiados afluem para o oeste da Ucrânia e países europeus vizinhos.

Em Mariupol, não há água, calor ou eletricidade e os alimentos estão acabando, disse o prefeito Vadim Boichenko. "Estamos simplesmente sendo destruídos", afirmou. Jornalistas da Associated Press testemunharam médicos fazendo tentativas mal sucedidas de salvar a vida de crianças feridas, farmácias vazias e centenas de milhares de pessoas enfrentando escassez de comida e água em clima congelante na cidade, que registrou neste domingo o quinto dia de bombardeios das tropas russas.

Reuniões anteriores foram realizadas em Belarus e levaram ao fracasso do acordo de cessar-fogo para criar corredores humanitários para a evacuação de crianças, mulheres e idosos de cidades sitiadas. Putin continuou a culpabilizar a liderança ucraniana pela guerra e criticou sua resistência à invasão. Ele disse que se eles continuassem a resistir, "Eles estão questionando o futuro do Estado ucraniano".

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