
O governo do Catar enviou nesta quarta-feira, 10, uma denúncia formal à Organização das Nações Unidas (ONU), acusando Israel de realizar um ataque contra prédios residenciais em Doha que abrigavam membros do Escritório Político do Hamas. A manifestação foi entregue pela representante permanente do país na ONU, Sheikha Alya Ahmed bin Saif al-Thani, ao secretário-geral António Guterres e ao presidente do Conselho de Segurança, Sangjin Kim.

Segundo o comunicado, o ataque foi classificado como um “ato covarde” e uma “violação flagrante de todas as leis e normas internacionais”. O governo do Catar afirma que investigações estão em curso “no mais alto nível” e promete divulgar mais detalhes assim que disponíveis.
A nota oficial, divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores do país, reforça que o país “não tolerará esse comportamento imprudente de Israel” e criticou duramente a “contínua desestabilização da segurança regional”, bem como “qualquer ato que tenha como alvo sua segurança e soberania”.
O episódio representa uma escalada grave no já tenso cenário do Oriente Médio, envolvendo diretamente o território de um país que tradicionalmente atua como mediador de conflitos na região. O Catar abriga líderes políticos do Hamas há anos, sendo um dos principais canais de negociação com o grupo, inclusive durante as recentes tentativas de cessar-fogo entre Israel e a Faixa de Gaza.
No comunicado, o governo catariano expressa sua “mais forte condenação a essa agressão criminosa”, que, além de ameaçar a estabilidade regional, também coloca em risco a “segurança e a proteção dos cidadãos e residentes em seu território”.
Até o momento, Israel não se manifestou oficialmente sobre a acusação. No entanto, o episódio levanta preocupações sobre a ampliação do campo de atuação militar israelense fora dos territórios tradicionalmente envolvidos no conflito, como Gaza, Cisjordânia e Líbano.
A denúncia formal do Catar ocorre em um momento em que cresce a pressão internacional por uma trégua definitiva no conflito entre Israel e Hamas, especialmente após a intensificação dos bombardeios em áreas civis palestinas e a morte de líderes do grupo em operações específicas.
Especialistas em relações internacionais apontam que a resposta do Conselho de Segurança da ONU poderá definir os próximos passos diplomáticos no caso. O Catar, apesar de pequeno em território, tem grande influência geopolítica, sendo um dos principais financiadores de ajuda humanitária na região e parceiro estratégico de várias potências ocidentais.
A tensão também afeta as articulações para uma possível retomada das negociações de paz. Se confirmada a ação militar em Doha, o incidente pode enfraquecer ainda mais as chances de consenso e provocar reações em outros países árabes, historicamente críticos às ações israelenses.
Até o fechamento desta matéria, a ONU ainda não havia se pronunciado oficialmente sobre o conteúdo da denúncia entregue pelo governo catariano.
